Se você fizer pesquisa rápida no Google sobre quantas
vezes por dia devemos comer irá encontrar as seguintes afirmações:
“Uma ou duas são um desastre; se você não se alimenta
pelo menos 3x você esta causando sérios estragos ao seu metabolismo. Fazer três
refeições devidamente balanceadas e malhar adequadamente trará alguns resultados,
mas metade dos resultados que teria com refeições completas. Se tiver
naturalmente um metabolismo lento, você poderá ter dificuldades com apenas três
refeições, causando estragos metabólicos.” [link]
“Devido à correria do dia-a-dia, falta de tempo,
dificuldade de levar lanches de casa para o trabalho e muitas vezes a falta de
opção de alimentos mais saudáveis, muitas pessoas continuam ainda fazendo
apenas 3 refeições ao dia, aquelas básicas: café da manhã, almoço e janta.
Muitas ainda nem café da manhã tomam, apena comem algo no meio da manhã. Mesmo
que se fale muito nas entrevistas dadas por profissionais nutricionistas na
televisão, jornais e revistas de que o mais correto é fracionar em 5 a 6
refeições ao dia, percebemos que esse é um hábito bastante difícil de muitas
pessoas seguirem.” [link]
“Devemos fazer entre 5 e 6 refeições por dia, ou seja,
uma refeição a cada 3 horas, não importa se objetivo é emagrecer, engordar ou
manter o peso. As refeições do dia devem então ficar divididas da seguinte
forma: Café da manhã; Lanche da manhã; Almoço; Lanche da tarde; Jantar; Ceia.”
[link]
Porém um trabalho publicado [1] em 2014 na revista Diabetologia, que foi realizado em Praga na República Tcheca, demonstrou que em relação às pessoas portadoras de Diabetes
tipo 2 é melhor fazer duas refeições diárias ao invés de seis.
Esse trabalho teve como objetivo comparar os
efeitos de um regime alimentar com 6 refeições diárias (A6) versus um regime de
2 refeições diárias (B2) sobre o peso corporal, conteúdo de gordura no fígado, resistência á insulina e outras variáveis.
Para isso 54 homens e mulheres entre
30-70, com IMC entre 27-50 kg/m², portadores
de diabetes de tipo 2 e usuários medicação para controle da glicose da sanguínea seguiram dois
diferentes tipos de regimes alimentares hipocalóricos (A6 e B2) por 12 semanas (período total de 24 semanas). Qual dieta foi seguida por cada individuo nas primeiras
12 semanas e também no segundo grupo de 12 semanas foi determinada
aleatoriamente (sempre 27 pessoas em cada grupo). A dieta de ambos os regimes tiveram a
mesma quantidade de macro nutrientes e calorias (500 Kcal, 50–55% de
carboidratos, 20–25% de proteínas e menos de 30% de gordura).
Os resultados demonstraram que o
peso corporal e a gordura no fígado diminuíram em ambos os grupos, porém a diminuição destas
variáveis foi mais significativa no grupo B2 do que no grupo A6. A
sensibilidade à insulina amentou em ambos os grupos, porém a melhora do grupo
B2 foi maior do que no grupo B6. A glicose sanguínea em jejum diminuiu no grupo
B2, mas aumentou no grupo A6. Nenhum dos regimes alimentares gerou efeitos
adversos.
Os autores concluíram que o regime
alimentar, que permitia somente o café da manhã e o almoço, reduziu o peso
corporal, a gordura no fígado e aumentou mais a sensibilidade à insulina do que um regime alimentar
com a mesma quantidade calórica com seis refeições diárias. Os resultados
sugerem que pacientes com diabetes tipo 2 em um regime dietético hipocalórico
terão melhores resultados se ingerirem duas grandes refeições por dia ao invés de
seis refeições menores.
As informações deste estudo não
colaboram com as informações que são amplamente divulgadas por um significativo
número de profissionais da saúde. Em relação ao tratamento do Diabetes a
contradição entre as recomendações divulgadas e os dados
científicos voltou a se repetir em 2015, quando foi publicado um importante
trabalho [2] onde foram apresentados 12 motivos pelos quais é mais efetiva a
restrições de carboidratos (low carb) do que das gorduras (low fat) para o tratamento efetivo do
Diabetes.
O estudo realizado em Praga não se utilizou de um regime alimentar low carb e além de restringir as gorduras em menos de 30% das colorias totais, também restringiu a ingestão de gorduras saturadas em no máximo 7% e a ingestão de colesterol em 200mg por dia. Esse tipo de composição dos macro nutrientes de uma dieta não são os mais recomendados para o controle do diabetes [2] como também para o emagrecimento. O que de certa forma ressalta os efeitos positivos de períodos mais longos de jejum para diabéticos.
Seria muito interessante que este estudo fosse repetido utilizando-se regimes alimentares de 2 e 6 refeições por dia, mas com um composição de macro nutrientes lowcarb, e dessa forma ver quais seriam os resultados.
Seria muito interessante que este estudo fosse repetido utilizando-se regimes alimentares de 2 e 6 refeições por dia, mas com um composição de macro nutrientes lowcarb, e dessa forma ver quais seriam os resultados.
Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com
Referências
[2] Feinman RD, et al. 2015. Dietary carbohydrate restriction as the first approach in diabetesmanagement: Critical review and evidence base.
Referências
[1] Kahlevo H, et al. 2014. Eating two larger meals a day (breakfast and lunch) is more effective than six smaller meals in a reduced-energy regimen for patients with type 2 diabetes: a randomised crossover study.