domingo, 29 de maio de 2016

Atividade Física e Exercício - Mais do que emagrecimento e estética.

Não é incomum associarmos exercício e atividade física com a imagem de homens e mulheres de aparência estética que a maioria de nós qualificaria com adjetivos como bonito(a), belo(a), sarado(a) e outros com o mesmo significado. Sem dúvida este é um fator motivador importante que leva centenas e milhares de pessoas a participarem de um programa de exercícios ou iniciarem algum tipo de atividade física.


Nestes diversos anos atuando como profissional da saúde além de encontrar um grande número de pessoas que iniciaram um programa de treinamento tendo o emagrecimento como o principal objetivo, também encontrei pessoas que depois de alguma experiência vivida iniciavam um programa de treinamento tendo outros objetivos como prioritários. Como exemplo posso citar pessoas que após um infarto agudo do miocárdio iniciaram a prática de exercícios com o objetivo de diminuir o risco de uma nova ocorrência cardiovascular e uma melhora do seu estado de saúde.

Recentemente tive uma experiência pessoal (não foi um infarto!) que me fez olhar com mais ainda atenção os benefícios advindos da atividade física e do exercício que não sejam a estética ou o emagrecimento. Por esse motivo resolvi escrever um texto que tem como objetivo mostrar como o exercício é um poderoso aliado para alcançarmos e mantermos nossa saúde.


A importância do exercício para a saúde tem sido relatada há séculos. Hipócrates, considerado por muitos a figura mais importante da medicina [1] já expressava essa ideia desde 450 a.C.:

Se pudesse dar a cada indivíduo a quantidade certa de nutrição e exercício, não muito pouco e não muito, teria encontrado o caminho mais seguro para a saúde.” [2]
Caminhar é o melhor remédio para o homem.” [2]
Todas as partes do corpo, se usadas com moderação e exercitadas através de trabalhos as quais estão acostumadas, tornam-se saudáveis, bem desenvolvidas e envelhecem lentamente. Mas se elas não são usadas e permanecem ociosas, se tornam susceptíveis às doenças, à defeitos no crescimento e envelhecem rapidamente.” [3]
Se houver qualquer deficiência na alimentação e na prática de exercícios o corpo vai cair doente.” [4]

A conclusão de um extenso trabalho [5] publicado em 2012 deixa claro como esse conceito da atividade física e exercício são fundamentais para a saúde nos dias de hoje, ela afirma:

Atividade física, alimentação e reprodução são alguns dos requisitos mínimos para a vida. Eles não evoluíram como opções, mas como requisitos para a sobrevivência individual e da espécie. Os seres humanos têm agora uma escolha de não ser fisicamente ativos. As provas científicas conclusivas, esmagadoras, em grande parte ignoradas e não priorizadas, indicam a inatividade física como a causa primária e real da maioria das doenças crônicas. Assim, a saúde em longo prazo não parece possível se desconsiderarmos a atividade física como uma necessidade para a sobrevivência imediata. As evidências abrangentes estabelecem claramente que a falta de atividade física afeta quase todas as células, órgãos e sistemas do corpo causando disfunções e morte acelerada. A natureza multifatorial maciça da disfunção causada pelo sedentarismo significa que, assim como alimentos e reprodução permanecem como requisitos para propiciarem a existência humana em longo prazo, a atividade física também é um requisito para maximizar a saúde e a expectativa de vida. A abordagem terapêutica cientificamente válida das disfunções do sedentarismo é a prevenção primária com a própria atividade física.

Existem evidências suficientes para considerarmos que a aptidão cardiorrespiratória gerada pelo exercício seja uma ferramenta de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares [6,7]. O exercício quando realizado em intensidade e volume adequado é capaz de auxiliar na diminuição da quantidade de gordura visceral, da obesidade e do risco de diabetes tipo 2 [8].

O papel preventivo da atividade física pode ser estendido para alguns tipos de câncer. A associação é mais forte nos homens do que nas mulheres para o câncer do cólon, assim como para as mulheres que já estão na menopausa do que para aquelas que ainda mantêm a menstruação para o câncer da mama. A evidência sugere que a atividade física provavelmente reduz o risco de câncer do endométrio, de pulmão, de cólon, de mama e de próstata [9]. A análise de diferentes trabalhos observacionais [10] que incluíram 1.500.000 pessoas demonstrou que a atividade física pode reduzir o risco de câncer de estômago. Já para o câncer do pâncreas atividade física apresenta uma capacidade protetiva fraca [11].

A osteoporose e fraturas relacionadas resultam em grandes custos para os indivíduos e para a sociedade, além do aumento da morbidade e mortalidade. A atividade física é uma estratégia viável para a prevenção e para o tratamento da redução da massa óssea [12].

As informações citadas até aqui apoiam o papel que a inatividade física desempenha no desenvolvimento de doenças crônicas e morte prematura. Existem provas da eficácia da atividade física regular na prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão, obesidade e osteoporose [13]. Essas evidências também apoiam uma redução de 50% no risco de morte causada por diferentes doenças [13].

O exercício físico também apresenta influência sobre o estresse e a ansiedade. Um trabalho que analisou 7 estudos experimentais demonstrou que o Qigong, uma modalidade chinesa de exercício, é capaz de reduzir o estresse e a ansiedade de adultos saudáveis [14].

Estas informações ilustram a importância do combate ao sedentarismo, da prática de atividade física e do aprimoramento da aptidão cardiorrespiratória através da participação em programas de treinamento para a melhora da saúde e da redução de morte prematura.  As autoridades de saúde pública e as agências de financiamento deveriam considerar como vital a tarefa de incentivar efetivamente que a população em geral pratique exercícios ou qualquer tipo de atividade física, isso é sem dúvida uma questão crucial.

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

Referências
[12] Carter MI, Hinton OS. 2014. Physical activity and bone health.
[13] Darren ER, Warburton. 2014. Health benefits of physical activity: the evidence.

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