Resistência à insulina (RI) significa que seu
organismo não é capaz responder adequadamente à liberação deste hormônio na sua
corrente sanguínea devido à elevação da glicose (açúcar no sangue). Com o
passar do tempo, esta resposta inadequada do seu metabolismo da insulina faz
com que seus níveis de glicose sanguínea se tornem elevados. Essa alteração
fisiológica é um fator de risco para diabetes tipo 2, doenças do coração, ganho
de gordura corporal e inflamação. Segundo o National
Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases os dois fatores mais
importantes para o desenvolvimento de RI são o excesso de peso e o
sedentarismo.
Em uma postagem anterior (E
se a medicina estiver olhando para o lado errado!?) sugeri um vídeo em que
o Dr. Peter Attia fala
sobre as relações da RI com obesidade e outras doenças, mostrando um ponto de
vista em que a obesidade, diabetes e outras patologias podem ter como origem a
RI. Essa visão coloca o excesso de peso e obesidade como consequência da RI e
não o contrário. Quando analisamos as evidências científicas parece que a
alimentação e a inatividade física são a duas principais causas de RI e suas
consequências [1-4], se isso for “verdade” existe a possibilidade de alternativas para o tratamento e a prevenção de um número significativo dos males modernos já muitos das intervenções atuais estão falhando nesse ponto. Um exemplo disso é que nos EUA a estimativa do número de pessoas com diabetes tipo 2 aumente dos atuais 20 milhões para cerca de 40 milhões (fonte).
Os efeitos da alimentação sobre a RI foram
demonstrados em um estudo [3] onde 29 homens idade média de 27 anos ingeriram
durante 8 semanas uma dieta que excedeu sua necessidade calórica diária em 40%.
Ao final das 8 semanas sua sensibilidade à insulina (uma forma de mensurar a
RI) diminui 18% juntamente com um ganho de peso na casa dos 7 kg e um aumento
de 46% na gordura no fígado.
É interessante notar que quando o excesso calórico
é combinado com a inatividade física alterações semelhantes podem acontecer em
períodos bem mais curtos. Recentemente um trabalho [2] onde homens com ligeiro
sobrepeso foram mantidos por uma semana (7 dias) em um ambiente hospitalar
controlado para que sua atividade física fosse restringida ao máximo e houvesse
controle sobre uma ingestão calórica diária de 6000 kcal através de uma dieta
composta de 50% carboidratos, 35% gordura e 15% proteína, mostrou um aumento de
150% na insulina em jejum com um ganho de 3,5 kg de gordura corporal.
Alterações no metabolismo da insulina que levam a
consequências negativas podem ter ligação com um processo chamado de estresse
oxidativo (EO). Quando nossas células usam o oxigênio que ofertamos através da
respiração para produção de energia, moléculas altamente reativas são formadas.
Estas moléculas são chamadas de radicais livres e a formação destas moléculas
leva ao EO. Este processo pode ser associado com uma gama variada de problemas
de saúde. O aumento da RI associado com o sedentarismo e o excesso calórico
podem estar ligados a uma elevação do EO [6-12], seja em animais [7], células
isoladas [10-12] ou seres humanos [6,8,9].
A elevação dos níveis de glicose sanguínea e seus
efeitos sobre nossa saúde acontecem, pois com o aumento da RI este hormônio tem
sua capacidade de colocar a glicose para dentro das nossas células diminuída,
fazendo assim com o transporte de glicose para dentro das células seja
prejudicado. Este transporte é feito através de uma proteína chamada de
Transportador de Glicose Número 4 (o GLUT-4), a função de transportadora de
glicose desta proteína foi evidenciada pela primeira vez em 1988 por James e
colaboradores [13]. O GLUT-4 atua transportando glicose através da membrana das
células, dessa forma situações onde o tráfego de GLUT-4 na membrana celular é
alterado [14] ou seu conteúdo é diminuído [15] estão associados a aumentos da
RI, mesmo que a RI possa ocorrer sem alteração no conteúdo de GLUT-4 na
presença de algum tipo de patologia [16]. O inverso também parece ocorrer,
quando o funcionamento do GLUT-4 é aprimorado ocorre uma diminuição da RI [17].
As possíveis causas das alterações no metabolismo
da glicose que levam a RI, elevação dos níveis de glicose em jejum, ganho de
gordura corporal, aumento de risco de cardiopatias e diabetes geradas pela
inatividade física e o excesso de ingestão calórica podem ser explicadas pelo o
aumento do EO [2-4] e seus pelos prejuízos gerados ao funcionamento do GLUT-4
[2].
Assim podemos dizer que todos os meios que levem a
diminuição da RI ou controlem sua elevação como a utilização de com
antioxidantes [18-22], alterações na dieta [23,24], participação em programas
regulares de exercícios [25-33] e sono adequado [34-38] terão efeitos positivos
sobre nossa saúde, seja na forma de prevenção ou de tratamento das patologias
associadas.
Em postagens futuras tratarei sobre os temas:
- Tratamento para a Resistência a Insulina com Antioxidantes
- Tipo de Dieta e a Resistência à Insulina
- Exercício e Resistência à Insulina
- Sono e Resistência à Insulina
Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com
Referências
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