Treinamento resistido pode ser
definido como um programa de treinamento que utiliza exercícios realizados
contra uma resistência seja ela imposta por um aparelho de musculação, pelo
peso corporal ou por qualquer outro acessório ou equipamento.
A capacidade desse tipo de
treinamento gerar alterações positivas é conhecida há bastante tempo, como o
mostra o trabalho de Misner JE e colegas de 1974 [Alterations in the Body
Composition od Adult Men during Selected Physical training Programs], neste
trabalho os autores demonstraram a capacidade do treinamento resistido para reduzir
o peso e o percentual de gordura, como também para aumentar a massa corporal
livre de gordura. Considerando os valores médios as alterações foram as
seguintes depois de 8 semanas de treinamento:
- Peso de gordura: antes = 22,5kg; depois = 20,3kg
- Percentual de gordura: antes = 25,9%; depois = 23,1%
- Massa magra: antes = 63,7kg; depois = 66,8kg
Nos últimos anos surgiram novas
modalidades de treinamento resistido, algumas delas envolvem exercícios que
geram instabilidade corporal durante sua execução. Instabilidade essa que não
acontece nos tradicionais aparelhos de musculação. Entre essas modalidades
temos os exercícios realizados com fitas de suspensão ou com um acessório chamado
Bosu.
Fita de Suspensão [TRX]
Bosu
Algumas vezes os alunos me
perguntam se esses exercícios são “melhores” do que os exercícios tradicionais de
musculação.
Um trabalho publicado no Journal of Sports Science and Medicine este
ano traz informações interessantes sobre esse tema, o título do trabalho é:
O estudo teve como objetivo
comparar os efeitos de um programa tradicional de musculação e de um programa
de treinamento com instabilidade na força, na potência, na velocidade de
execução e na capacidade de salto.
Trinta e seis homens saudáveis não
treinados foram divididos em dois grupos experimentais e um grupo controle. O
primeiro grupo experimental realizou os exercícios tradicionais [TRT] e foi
composto dez pessoas. O segundo grupo experimental realizou os exercícios em
condições de instabilidade [IRT], usando BOSU ® e TRX ® e foi composto por doze
pessoas. Ambos os grupos treinaram três dias por semana, sete vezes por semana.
A seguir mostro algumas das alterações
que ocorreram após o treinamento nos exercícios de supino [BP], agachamento [BS]
agachamento com salto [SJ]:
- Aumento da altura no SJ [IRT = 22,1%, TRT = 20,1%]
- Aumento da força máxima [1RM] no BS [IRT = 13,03%, TRT = 12,6%]e no BP [IRT = 4,7%, TRT = 4,4%]
- Aumento do pico de potência [PP] no BS [IRT = 19,42%, TRT = 22,3%] e no BP [IRT = 7,6%, TRT = 11,5%]
- Aumento no pico de velocidade no BS [IRT = 8,6%, TRT = 4,5%]
Não foram detectadas diferenças
significativas nas variáveis pós-treino registradas para os grupos IRT e TRT.
Estes dados indicam que um
programa de treinamento utilizando dois dispositivos de instabilidade é tão
eficaz para melhorar a força, potência, velocidade de execução e capacidade de
salto em homens destreinados como um programa que incluam exercícios em
condições estáveis.
Essas informações mostram que se
ambos os programas [com ou sem instabilidade] forem planejados e bem
controlados podem ser efetivos para que alterações positivas sejam alcançadas.
Um ponto importante do trabalho
que vale a pena ser mencionado é fato de que tanto o programa com instabilidade
quanto com estabilidade foram compostos pelo mesmo número de exercícios
multiarticulares, que são exercícios que exigem a movimentação de duas ou mais
articulações e dessa forma estimulam um maior número de grupos musculares. Cito
isso, pois esses exercícios são capazes de alterações neuromusculares mais
complexas [Chilibeck
PD
et al 1998] e dessa forma possibilitam a elevação de cargas
de maior magnitude [Kraemer
WJ et al 1993] e consequentemente aumentam
as chances de ganhos de força.
Um estudo de caso conduzido no
Brasil [Silva-Batista C
et al 2014] mostrou que um programa de treinamento que envolva exercícios
com instabilidade foi efetivo para diferentes aspectos para um paciente com Atrofia
Múltipla Sistêmica, uma doença degenerativa que afetas as células cerebrais em
áreas específicas e gera perda de massa muscular. Alterações positivas sobre
variáveis neurológicas geradas pelo exercício também são capazes de ocorrer com
outros tipos de exercícios [Satoh M et
al 2014].
Considerando as informações
descritas, podemos dizer que as novas modalidades de exercícios resistidos que
geram instabilidade e envolvem a utilização de acessórios como bolas, fitas de
suspenção e outros podem ser efetivos como os treinamentos de musculação. É
importante ressaltar que isso de forma alguma desmerece os programas tradicionais
de treinamento resistido e sim aumentam a gama de ferramentas que podem ser
utilizadas pelos profissionais da educação física.
Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com
Olá Carlinhos tudo bem?
ResponderExcluirEstou começando esta semana a fazer low carb high fat, e pelo o que li até hoje, 90% do emagrecimento é proveniente da alimentação. Mas mesmo assim gostaria de fazer alguns exercícios para melhorar meu desempenho físico e se possível ganhar um pouco de massa. Tenho que emagrecer cerca de 20~30kg.
Já li a respeito do treinamento hiit, mas só teria disponibilidade de fazer corridas no final de semana. Você recomenda fazer apenas no sábado e domingo?
E para exercícios de massa, achei bem interessante esses sem instabilidade, você conhece alguns que eu poderia fazer em casa?
Muito obrigado pela atenção!