Achei também que todos os profissionais da Educação Física deveriam ler, assim como aqueles que tem interesse pelo exercício físico e saúde.
O texto foi escrito por Erwan Le Corre, que é criador de uma método de treinamento chamado MovNat. Para conhecer mais sobre o método clic em www.movnat.com.
Nesta tradução em alguns parágrafos fiz o que chamei de "tradução interpretativa", ou seja, expressei aquilo que entendi da ideia do autor.
Caso algum leitor queira ler o artigo original ele pode ser acessado aqui.
Se alguém identificar algum erro por favor me avise para que eu possa corrigir.
Aproveitem a leitura!
Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com
História do Exercício e da Educação Física
Fitness, como nós a conhecemos hoje,
parece ser uma invenção relativamente moderna - algo que começou vagamente na
década de 70 com corrida e ginástica aeróbica. Mas o exercício físico,
obviamente remonta muito mais longe do que isso, a uma época em que as pessoas
não teriam pensado nisso como “uma sessão de treinamento”, mas sim um modo de
vida. Séculos e milênios atrás, não existiam todos os aparelhos de ginástica e
academias que temos hoje, e ainda assim eles estavam em melhor forma do que nós.
Para entender por que isso aconteceu, como chegamos a nossa moderna cultura de
ginástica e o que perdemos ao longo do caminho é necessário dar uma olhada na
história do exercício.
Em um artigo anterior eu falei brevemente sobre a história do treinamento físico antes da
existência das academias e programas de treinamento atuais. Este artigo é uma
visão mais detalhada do exercício ao longo do tempo, desde as suas origens
ancestrais, do início da história da educação física na Europa e América, a
pletora das de modalidades de fitness, esportes e atividades dos dias de hoje.
Tempos primitivos: Mover-se para viver!
Desde o alvorecer da humanidade, cerca
de 10.000 AC, os homens tinham uma voz constante em suas cabeças, dizendo:
"Corra por sua vida!" O desenvolvimento físico seguiu um caminho
natural que foi determinado pelas exigências práticas da vida em uma paisagem
selvagem como bem como na necessidade vital para evitar ameaças e aproveitar as
oportunidades para a sobrevivência.
As demandas de movimento consistiam
de locomoção, manipulação de ferramentas e objetos naturais [pedras, galhos de
árvores, etc], e defesa. Para sobreviver em um ambiente hostil repleto de
obstáculos e inimigos naturais e também outros humanos, o homem primitivo tinha
que saber não só como correr, mas também a pé, se equilíbriar, saltar,
rastejar, escalar, levantar, carregar, jogar e pegar as coisas e também lutar.
Nós também podemos seguramente assumir que os movimentos lúdicos ou criativos,
como as primeiras formas de dança foram realizadas quando barrigas estavam cheias
e os predadores não estavam por perto.
A força e a mobilidade do homem
primitivo não foram desenvolvidas através de programas estruturados, métodos ou
horários, mas sim forjadas pelo instintivo, pela prática diária, tendo sido orientadas
pela necessidade de habilidades altamente práticas e adaptáveis de movimento.
Hoje, as poucas tribos de caçadores-coletores que ainda existem ao redor do
mundo não têm ideia do que o "fitness
primal" ou o "treino de homem das cavernas" é ou como este tipo
de "exercício" permanece profundamente enraizado em suas vidas
cotidianas.
Período neolítico: Cultura da Colheita
Transição do homem de nômades
caçadores-coletores para fazendeiros levaram a mudanças dramáticas em sua
atividade física. As numerosas demandas do cultivo de alimentos e a criação de
gado significou um monte de tarefas e um monte de trabalho diário para os
agricultores. Mas essas tarefas eram em grande parte repetitivas, e exigiam uma
gama muito limitada de movimentos. Ao mesmo tempo, a necessidade de executar
uma variedade de movimentos complexos - correndo, balançando, pulando,
rastejando, escalando – foi extremamente reduzida. Tais movimentos raramente eram
realizados no ambiente das fazendas, ou simplificados. Por exemplo, subir uma
escada é mais seguro, mais limitado e previsível do que subir em árvores.
Antiguidade:
Preparado para a guerra
Entre 4000 AC e a queda do Império
Romano em 476 DC, civilizações se erguiam e pereciam as guerras e conquistas.
Assírios, Babilônios, Egípcios, Persas e mais tarde, os Gregos e Romanos, todos
impunham treinamento físico a meninos e homens jovens. Com qual objetivo?
Preparação para a batalha.
O treinamento militar antigo tinha
semelhanças com os movimentos realizados na natureza por nossos irmãos homens
das cavernas, mas com mais estrutura e um objetivo final diferente. Os jovens
praticaram habilidades fundamentais, como caminhada e corrida em terrenos
irregulares, pulando, rastejando, escalando, levantando e carregando objetos
pesados, jogando e pegando coisas, praticando combate desarmado e treinamento
com armas.
Populações civilizadas valorizavam a
cultura física para o esporte também. Registros de competições esportivas existem
desde o antigo Egito, e claro os gregos antigos criaram os primeiros Jogos
Olímpicos. Não surpreendentemente, esses primeiros esportes foram todos baseados
em habilidades práticas de movimento natural e foram fundamentalmente
relacionados com a preparação necessária para a guerra - os gregos esforçaram na
execução [por vezes, com armadura e escudo] de saltos, arremessos [dardo ou
disco] e luta.
Do lado de fora do treinamento
militar e desportivo, os gregos, e mais tarde os romanos, celebravam a beleza e
a força do corpo e abraçavam o treinamento físico como um ideal filosófico e
uma parte essencial de uma educação completa. Eles celebravam a ideia de ter
uma mente sã em um corpo sadio.
A
Idade das trevas: A rejeição do corpo
A Idade Média foi um período caótico
com uma sucessão de reinos e impérios, ondas de invasões bárbaras e pragas
devastadoras. Os ensinamentos do cristianismo propagavam a crença de que a
principal preocupação da vida estava em se preparar para a vida após a morte. O
corpo era visto como algo pecaminoso e sem importância - era a alma de um homem
que representava sua verdadeira essência. Educação foi esmagadoramente ligada à
Igreja, com o foco em cultivar a mente, em vez de treinar o corpo.
Sob o feudalismo, o sistema social
dominante na Europa medieval, apenas os nobres e os mercenários foram
submetidos a treinamento físico para o serviço militar. Da mesma forma que nos
tempos antigos, a sua era centrada em movimentos naturais e habilidades
marciais.
O resto da população era composta em
sua maioria camponeses obrigados a viver nas terras de seu senhor e trabalhar
muito duro nos campos, usando ferramentas rudimentares. O seu
"exercício" veio através do trabalho duro.
O
Renascimento: Um novo começo
O Renascimento levou a um aumento
do interesse no corpo, anatomia, biologia, saúde e educação física.
Em 1420, Vittorino da Feltre, um
humanista italiano e um dos primeiros educadores modernos, abriu uma escola muito
popular, onde além das disciplinas humanistas, uma ênfase especial foi dada à
educação física.
Em 1553, surge El
Libro del Ejercicio Corporal y Sus Provechos, escrito pelo espanhol
Cristobal Mendez, que foi o primeiro livro a abordar exclusivamente o exercício
físico e seus benefícios. No livro, os exercícios, os jogos e esportes são
classificados, analisados e descritos a partir de um ponto de vista médico, e
conselhos sobre é como prevenir e recuperar de lesões resultantes dessas
atividades físicas são oferecidos. Vários capítulos ainda traziam conselhos
específicos sobre determinados treinos e jogos para mulheres, crianças e
idosos.
16 anos depois, Mercurialis, um
médico italiano, publicou De Arte Gymnastica. Foi a
finalização de seus estudos da literatura clássica e física, particularmente a
abordagem dos antigos gregos e romanos para higiene, dieta e exercício, e seu
uso de métodos naturais para o tratamento de doenças. Por mostrar pela primeira
vez os princípios da fisioterapia e também por apresentar belas ilustrações [apesar
de serem em grande parte especulações criativas] este livro é considerado o
primeiro livro sobre medicina esportiva. Tendo influenciado fortemente a onda
de métodos de ensino e de treinamento físico que começou a surgir na Europa
dois séculos mais tarde.
Velhos tempos: Aptidão pela pátria
A Revolução Industrial, que marca
a transição do modo de produção manual para processos de fabricação baseados em
máquinas, começou por volta de 1760 e rapidamente gerou tendências sociais,
econômicas e culturais que mudaram a forma como as pessoas viviam e trabalhavam.
Como as pessoas se tornaram mais sedentários, um novo movimento no sentido de
exercício físico intencional surgiu. Neste movimento foi dado um impulso no
século 19 a partir do surgimento de um fervor nacionalista em muitos países da
Europa. Manter-se saudável, apto e pronto para servir no campo de batalha tornou-se
um ponto de dever cívico e orgulho.
Na Europa
Em 1774, Johann Bernard Basedow,
influenciado pelas ideias de Rousseau do "Natural
Humano", abriu a Philanthropinum na
Alemanha, com ênfase em exercícios físicos e jogos, incluindo luta livre, corrida,
equitação, esgrima, saltos e dança. Nesta época uniformes escolares eram restritivos,
nesta escola eles foram feitos para serem mais confortáveis para permitir aos
alunos maior liberdade de movimento. Este modelo inspirou a fundação de muitas
instituições semelhantes e o treinamento físico começou a tornar-se mais
sistematizada e parte integrante do currículo educacional.
Vinte anos depois, Guts Muths,
outra professora de alemão e educador, desenvolveu os princípios básicos da
ginástica artística, por isso é considerado como o "Grande Avô da
Ginástica". Seu Gymnastik für die Jugend [Ginástica
para a Juventude] foi o livro primeiro que apresentou uma didática
sistematizada para a ginástica, tendo sido publicado em 1800 e tornando-se um
padrão de referência para a educação física no mundo.
Em 1810 entrou em cena a cultura
física de Friedrich Jahn. Conhecido como "O Pai da Ginástica", ele
foi um pioneiro da educação física, e suas ideias se espalharam pela Europa e
América. A ginástica do educador e nacionalista alemão fervoroso sobreviveu a
invasão de Napoleão em seus país, ele percebeu que a melhor maneira de evitar que
isso se repetisse era ajudar seu povo desenvolver seus corpos e mentes. Para
este fim, ele levou os jovens em expedições para locais com “ar fresco” e
ensinou-lhes a ginástica e exercícios de relaxamento para restaurar a sua força
física e moral.
Em 1811, Jahn abriu o primeiro
Turnplatz, ou ginásio ao ar livre, em Berlim. Seu movimento de ginástica, então chamado Turnverein,
espalhou-se rapidamente por todo o país e em 1816 ele publicou Die
Deutsche Turnkunst [A Ginástica alemão] onde descrevia seu sistema de
ginástica.
Além dessas contribuições para a
cultura física, Jahn inventou o cavalo com alças, barras horizontais e
paralelas também promoveu o uso das argolas de ginástica. Os festivais de
cultura física que ele patrocinava atraiam cerca de 30.000 entusiastas, mas a
essência e o objetivo final de seu método eram, acima de tudo, prático e
funcional, não artístico. Ele defendeu a prática dos movimentos naturais
tradicionais, como corrida, equilíbrio, saltos, escaladas e assim por diante.
Bem-informado deste modelo
alemão, bem como da antiga tradição do atletismo, o sueco Pehr Henrik Ling
desenvolveu princípios do desenvolvimento físico, enfatizando a integração do
desenvolvimento corporal perfeito com a beleza muscular. Em contraste com o
sistema alemão, este sistema sueco promovia "ginástica leve,"
empregando alguns poucos aparelhos [Ling inventou as barras de parede] e tinha
o foco em exercícios de relaxamento, respiração, alongamentos e massagem.
A ginástica sueca teve quatro
categorias: pedagógica, militar, médica e estética. Todos os movimentos tinham que
ser realizados corretamente e coletivamente sob a supervisão de um líder, o que
era bastante diferente da abordagem alemã. Aspectos do método sueco ainda aparecem
em alguns programas modernos de treinamento físico.
Na mesma época, o espanhol
Francisco Amoros fundou uma escola de ginástica militar em Madrid, em seguida mudou-se
para Paris e fundou a Escola Civil e Militar normal de Ginástica em 1819. Em
1830, ele publicou um guia para Educação Moral, Física e Ginástica.
Depois de ter sido removido de
sua posição como líder do programa de treinamento físico do exército, ele abriu
um popular salão de ginástica civil em Paris e tornou-se o iniciador da
educação física na França e na Espanha.
Em 1847, o francês pioneiro da
cultura física e “strongman” Hippolyte Tríade fundou um enorme ginásio em
Paris, onde os burgueses, aristocratas e os jovens estavam unidos em uma busca
entusiasta pela aptidão.
Na década de 1870, após a perda
de Alsácia-Lorena
para os alemães, o estado de espírito nacionalista já em ascensão na França
explodiu. A educação física tornou-se um foco principal nas escolas francesas, onde
batalhões de jovens foram treinados para vingar o país.
Na Escócia, os Jogos das
Highlands começaram durante a década de 1830, eles incluiam desafios físicos
tradicionais característicos da cultura escocesa, como “caber tossing”, arremesso de
martelo de pedra colocado, juntamente com a corrida, saltos e lutas.
Na Inglaterra, o conceito de
"sobrevivência do mais apto" de Charles Darwin deu vida a um
movimento de cultura física. Os Ingleses queriam ser fortes o suficiente para
subir ao topo da hierarquia da natureza. Em 1849 a primeira competição de
atletismo Inglês foi realizada na Academia Real Militar. Scot Archibald
MacLaren abriu um ginásio bem equipado na Universidade de Oxford em 1858, onde
treinou 12 oficiais do exército, que em seguida, implementaram seu regime de
treinamento físico para o exército britânico.
Também vale a pena mencionar o
movimento Checa Sokol. Fundada em 1862, esta organização da juventude para
esporte e ginástica foi inspirada no Turnverein alemão [Movimento de Ginástica]
que incluía o treinamento físico, moral e intelectual para a nação através de
programas de fitness [principalmente centrada em exercícios de marcha, esgrima,
e várias formas de levantamento de peso], palestras, passeios em grupo e enormes
festivais de ginástica. Este treinamento que incluiu homens de todas as classes
econômicas, eventualmente as mulheres e finalmente todo o mundo eslavo.
Inicio do século 20, o oficial da
marinha francesa e educador físico Georges Hebert desempenhou um papel de
destaque no movimento de cultura física, utilizando as culturas do passado.
Tendo estudado os princípios defendidos por seus antecessores, incluindo Jahn e
Amoros, ele foi pioneiro o seu próprio "método natural." Seu método
foi inteiramente baseado em habilidades naturais do movimento tais como andar,
correr, equilibrar, pular, rastejar, escalar, habilidades manipulativas e de
autodefesa. Hebert foi o responsável pelo treinamento físico de todos os marinheiros
da marinha francesa e depois abriu o maior e mais moderno centro de treinamento
indoor/outdoor em Reims em 1913.
Hebert publicou seu primeiro
livro, L'Education Physique où l'Entrainement Complet par la Methode Naturelle
[Educação Física ou Formação completa pelo Método Natural] em 1912, seguido por
muitos outros trabalhos sobre o mesmo assunto.
Nos EUA
Uma vez que a ameaça de invasão
estrangeira nunca foi tão grande nos Estados Unidos, essa ameaça estava na
Europa, a necessidade de se preparar para a guerra não era tão grande e
portanto, uma ênfase na cultura física veio a ocorrer mais tarde nos EUA.
Catharine Beecher foi uma das
pioneiras ao criar uma consciência de aptidão nos Estados Unidos. Como uma
forte defensora da inclusão da educação física nas escolas, bem como dos exercícios
diários para ambos os sexos, ela desenvolveu um programa de ginástica que utilizava
música. Quando Beecher fundou o Seminário Feminino Hartford em 1823, esta foi a
primeira grande instituição de ensino dos Estados Unidos para as mulheres, onde
ocorreu a implementação de cursos de educação física.
Ao mesmo tempo, as tradições de
cultura física européia começaram a se enraizar na América. Muitos
"Turners" [praticantes alemães do sistema de ginástica de Jahn]
emigraram para os EUA, e em 1824, o erudito alemão Charles Beck abriu um
ginásio ao ar livre em Massachusetts, que foi semelhante aos Turnplatz de Jahn.
Foi a primeira academia do país e organizou o primeiro programa de ginástica escolar
no país.
Muitos outros “Turners” tornaram-se
ativos no sistema de ensino público americano e fortemente influenciaram a
abertura de clubes e ginásios em vários estados. Um dos profissionais mais
notáveis dessa tradição européia foi Dudley Allen Sargent, que é considerado
o fundador da educação física nos Estados Unidos. De 1879 até sua aposentadoria
[em 1919] ele foi diretor do Hemenway Ginasium da Universidade de Harvard, onde
ensinou os sistemas alemão e sueco que havia aprendido quando jovem. Sargent
também desafiou a visão vitoriana de mulheres como fracas e propensas a
desmaios e defendeu a liberdade de se vestir e atividade vigorosa para meninas
e mulheres.
Sargent inventou vários aparelhos
de ginástica, criou um teste universal para força, velocidade e resistência [Universal
Test for Strength, Speed and Endurance] em 1902, escreveu
inúmeros artigos e livros sobre educação física e advertiu que "sem
programas de educação física sólida, as pessoas tornar-se-iam gordas, deformadas,
e desajeitadas."
O ponto fundamental do
desenvolvimento da cultura física, tanto na Europa e os EUA durante este
período foi que estes sistemas ginástica eram todos muito semelhantes e tinham
coma base em uma abordagem prática. "Ginástica" ou "exercícios
calistenicos" não representavam “acrobacias”, mas habilidades de movimento
mais utilitárias e de força que era essencial para situações da vida real dos militares.
A exceção a esta tendência foi a introdução
de aparelhos como o Gymnasticon.
Inventado em 1796 e que foi o precursor aparelhos de treinamento modernos.
O uso de equipamentos de
ginástica iria pegar mesmo no século 20, seriam baseados em pesos com uma
abordagem fortemente orientada para a cultura física. Essas duas tendências
levaria à indústria de fitness moderna como a conhecemos.
O surgimento da indústria moderna do fitness
O século 20 marcou a ascensão de
esportes competitivos e especializados, bem como o surgimento de um mercado de "fitness"
e de uma indústria bem organizada e próspera.
No início do século 20, ao mesmo
tempo, Georges Hebert desenvolveu e promoveu o seu "Método Natural".
Outro francês, o Professor Edmond Desbonnet, conseguiu fazer exercício físico e
treinamento de força “ficassem na moda” através de publicações de revistas de
fitness [ele usou a fotografia para capturar atletas do sexo masculino e
feminino] e também abriu uma cadeia de clubes de exercício. Este estabeleceu
uma base forte para a cultura física na Europa, mas também para o "fitness"
como uma indústria.
Sistema de Desbonnet foi uma
reação contra a decadência da Belle Epoque, durante
o qual as pessoas viviam sem pensar em sua condição física e de saúde. No auge
de sua popularidade, ele tinha mais de 200 centros de fitness, e vários dos
famosos “strogmens” e fisiculturistas da época eram defensores do método
Desbonnet.
Sendo bastante caros, esse
centros de fitness eram frequentados pela classe alta da sociedade francesa e
européia antes da Primeira Guerra Mundial. Depois da guerra a classe
trabalhadora também passou a ter acesso ao movimento de cultura física.
Durante o mesmo período nos EUA,
Bernarr Macfadden ganhou destaque como um guru da cultura física e saúde
american. Ele recomendou um estilo de vida minimalista baseado no tempo gasto
na natureza, no exercício físico vigoroso diário e na uma dieta sem álcool,
chá, café e pão branco.
Macfadden começou a comercializar
um aparelho de parede para o desenvolvimento muscular de que ele havia criado,
e fundou uma das primeiras revistas de musculação, Physical Culture em 1899.
Ele também organizou a primeira competição de cultura física nos Estados Unidos
em 1903 e outras competições semelhantes em 1921 e 1922. Foi o responsável pela
do maior ícone da cultura física, Charles Atlas. Em 1935, o império
publicitário de Macfadden tinha um total de 35 milhões de leitores, ele morreu
um multimilionário em 1955.
Desbonnet e Macfadden podem ser
vistos como os precursores da indústria de saúde e do fitness como a
conhecemos. A partir daí, entramos na era da confusão, idade do fitness como business,
e seus muitos modismos e com a sua atual abordagem de musculação, do uso de
máquinas de exercício cada vez mais sofisticados em academias, de equipamentos domésticos
orientados pela estética, do grande negócio de suplementos, das inúmeras
revistas, dos livros, dos DVDs e agora o
surgimento de exercício baseado em tecnologia.
Ao longo de um século, milhares
de métodos e programas surgiram, todos prometendo levar as pessoas para a “melhor
forma de sua vida” no “menor tempo possível”, com resultados geralmente se
limitando as melhorias em sua aparência física.
Segue uma pequena lista, que é
apenas uma amostra desses métodos e dispositivos onde pessoas têm investiram
milhões de dólares no século passado:
·
Vibrating belt
·
Jack LaLanne’s TV tips and juicing
·
Jane Fonda’s aerobics
·
Simmons’s “Sweatin’ to the Oldies” videos
·
Bowflex home gyms
·
Thighmasters
·
8 Minute Abs
·
Ab Rollers
·
Tae Bo
·
Pilates
·
Spinning
·
P90X
·
Wii Fit
·
Power Plates
·
Sauna Suits
·
Power Wristbands
·
E muito mais…
Se em um lado temos o “exercício
não regulamentados” por outro a “ciência do exercício”. O exercício físico tem
sido analisado e quantificado em laboratórios, enormes quantidades de dados sobre
os efeitos do movimento sobre corpo humano ter sido acumulado. Os profissionais
que fazem carreira “analisando esses dados” e “fazendo recomendações com base
neles”, são regulados por de numerosas organizações, associações, conselhos,
federações e comissões, como:
·
Academy of Applied Personal Training Education
·
American College of
Sports Medicine
·
American Council on
Exercise
·
International
Fitness Professionals Association
·
National Academy of
Sports Medicine
O estado atual da cultura física: “Perdido em fitness”
Ao refletirmos sobre a evolução
da aptidão física ao longo dos séculos e suas diferentes facetas presentes em
nossa cultura física moderna, é importante nos perguntarmos: o que
perdemos e o que ganhamos?
Obviamente, muita coisa boa saiu disso
tudo: maior consciência da importância do exercício físico regular, encontramos
academias, ginásios ou praças onde as pessoas podem se exercitar em quase todos
os locais e entendemos mais sobre como funciona o corpo humano e como ele
responde ao treinamento físico.
Contudo, apesar da infinidade de
métodos de saúde e fitness, programas e recursos, a população em geral nunca
foi tão sedentária e fora de forma.
Um relatório recente da
Organização Mundial da Saúde indica que a espectativa de vida em os EUA caiu
pela primeira vez desde 1993, a saúde das pessoas modernas está diminuindo apesar
de tecnologias médicas altamente avançadas, mesmo a indústria da saúde e
fitness prosperando. Como pode ser isso?
Uma questão importante é a motivação.
As pessoas simplesmente não são tão motivadas para mover ses corpos e ficarem
saudáveis como era no passado. Vivemos em uma sociedade onde a incapacidade de lidar
com corpo de uma maneira prática e eficaz não é mais uma situação primordial.
Em minha opinião, a indústria de
saúde e fitness como um todo, não importando quanto é "de ponta" ou
quanto "revolucionário" cada novo programa pretende ser, não esta
conseguindo gerar, a maioria das pessoas, motivação real desfrutar dos
benefícios do exercício físico. Além de algumas poucas exceções, acredito que a
indústria tem contribuído para a disseminação de uma percepção limitada do que
a saúde e fitness são e assim as pessoas estão virando as costas.
A esmagadora maioria tem a
percepção mais comum do que significa estar em forma, e a principal motivação
para se exercitar, é “estar bem esteticamente”. Não é mais ter um corpo
saudável e que pode realmente fazer coisas que são úteis para a vida real.
Atualmente a visão mais comum
sobre como deve ser o exercício é de que você precisa de máquinas para
exercícios aeróbicos, para músculos e força e também para estar bem
esteticamente. E quem sabe acrescentar um pouco de alongamento a isso tudo [há
equipamentos para isso também]. Não nos esquecemos de algumas vitaminas e
suplementos para você ser saudável e estar em forma!
Para quase todas as pessoas, o
exercício é uma simples tarefa e não um prazer; é algo que as pessoas precisam
se forçar a fazer e não uma expressão natural de quem eles são.
Por último, mas não menos
importante, muitos que tentam resolver as suas necessidades de aptidão física
estão confusos quanto a que modalidade escolher, perdemos a clareza e a
simplicidade, nós perdemos o senso de praticidade e com isso perdemos
naturalidade.
Um novo paradigma para o futuro
Vejo dois paradigmas radicalmente
diferentes sobre o futuro do exercício no horizonte.
Por um lado, estamos entrando uma
era onde cada vez mais as máquinas avançadas de exercício tendem a remover as pessoas
da vida real, da natureza e as afastar daquilo que seus corpos são naturalmente
projetados para fazer. Eu vejo a idade da tecnologia de ginástica, com
aparelhos conectados com seus aplicativos, sensores e fios. A idade de
"bio-pirataria" e da eficiência exercício, oferecendo promessas como:
"Fique em forma em 3 minutos de exercício por semana!" A era da
onipresente auto quantificação onde as pessoas obsessivamente conferem curvas
de dados em uma tela, tentando gerir a sua saúde e aptidão da maneira mais
científica possível. É realmente nessa direção que deveríamos estar indo?
Apesar de tudo que a indústria de
saúde e fitness oferece as pessoas nunca estiveram tão inativas fisicamente.
Então devemos esperar que a resposta para esta situação viesse desses variados
programas tecnologicamente desenvolvidos e ou avançados equipamentos? Ou será
que a solução vem de uma mentalidade diferente, uma abordagem mais simples e
prática e de uma nova cultura?
Meu amigo e expert movimento
funcional, Grey Cook uma vez disse: "Nós estamos destinados a crescer
forte e envelhecer graciosamente. A recuperação do movimento autêntico é o
ponto de partida".
Para se tornar [e permanecer]
forte e saudável, a maioria de nós, só precisa mover-se naturalmente, como
todos os seres humanos costumavam fazer a não muito tempo. Precisamos praticar
as habilidades motoras fundamentais para desenvolver uma base de competência
física que é útil na vida real. Nós também precisamos empregar uma abordagem “que
retorne as origens”, que seja prático, tanto na execução e como nos objetivos, que
as pessoas achem agradável, que seja progressiva, que não obrigatoriamente
venha a exigir equipamentos muito caros e que pode ser realizada em grupos.
Então me deixe apresentar um o paradigma,
que alternativo em relação aquilo que eu imagino para o futuro do exercício
físico. Por milhares de anos, o desenvolvimento físico seguiu um caminho
natural; estamos habituados a movimentos naturais gerados pelas exigências da
vida. Tigres, ursos, cavalos selvagens, gorilas, golfinhos, águias ainda fazem
o mesmo que faziam a milhares de anos atrás. Nós ainda somos “projetados” para
acompanhar a evolução e a natureza. Por centenas de anos, nossos antepassados
têm confiaram em um “projeto” que se mostrou imediatamente útil e capaz de
gerar benefícios práticos para as suas vidas.
Movimento natural, ou o
desempenho físico prático, esteve no centro do exercício durante séculos. Isso
também provavelmente fez parte dos nossos anos de infância. Nessa época nós
corríamos, saltávamos, nos equilibrávamos, engatinhávamos, subíamos,
carregávamos umas coisas, atirávamos outras e brincávamos. Hoje você precisa de
máquinas ou aplicativos de smartphones? Você precisa controlar alguma coisa?
Você fica pensando em quais músculos esta exercitando?
Só porque as conveniências
modernas eliminaram a necessidade de se movimentar , caso você esteja com fome,
é só clicar e pedir uma pizza on-line, certo? E só porque a indústria de
fitness nos levou a acreditar que a aptidão acontece apenas dentro da academia
e com um equipamento, não significa que nossa natureza biológica, potencial
evolutivo natural e nossa necessidade de movimentos complexos e adaptáveis
tenham mudado.
Não temos de aceitar o nosso
estilo de vida sedentário e permanecer cercado pelas máquinas que criamos a fim
de nos tornarmos mais aptos. Não temos de manter uma falsa dicotomia entre
força e condição cardiovascular, entre corpo e mente, entre aptidão e saúde ou
entre o exercício como algo que fazemos e do movimento e da atividade física
como uma expressão de quem somos.
Eu acredito que não é só um dever
biológico, mas também um dever moral que todos estejam equipados com as
habilidades de movimento, força, condicionamento e força mental que são necessários
para responder de forma eficaz às exigências físicas da vida real. Eu também
acredito que a natureza é o que todos nós precisamos - a natureza fora de nós,
e tão importante quanto nossa natureza física interna. Autor Richard Louv
coloca isso muito bem:
"O futuro pertence à
natureza inteligente. A mais alta tecnologia se torna, de mais a natureza que
precisamos ".
Alejandro Jodorowsky disse uma
vez que "aves nascidas em uma gaiola acham voar é uma doença."
Aprendemos a negligência, a desconfiança e até o medo nossos próprios
movimentos naturais. A verdade é que ainda temos um verdadeiro potencial natural
para um movimento poderoso, elegante e útil. Mova-se para que você possa ser
forte e seja forte para que você possa ser livre.
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