domingo, 2 de março de 2014

Qual o melhor tipo de exercício?

Inúmeras vezes as pessoas escutam na mídia que o melhor tipo de exercício é natação, em outra reportagem escutam que é a musculação, alguns meses depois outra reportagem fala que o melhor exercício é o pilates. E pode ter certeza que daqui algum tempo vai surgir outro tipo de exercício que será considerado o melhor.

Qualquer um desses exercícios apresenta características extremamente positivas e sem dúvida nenhuma eles são capazes de fazer com que as pessoas atinjam seus objetivos, sejam eles quais forem.

Mas, existe o melhor exercício? Minha resposta é para essa pergunta é sempre a mesma: o melhor exercício é aquele que você gosta e aquele que você vai fazer. Pois de nada adianta eu descrever os inúmeros benefícios de uma modalidade de exercício se meu aluno não gosta dessa modalidade e vai acabar não fazendo os exercícios regularmente.

Uma ou duas ou três sessões de treinamento [de qualquer modalidade] não serão suficientes para que as respostas positivas ao exercício sejam alcançadas, é necessário que a pessoa pratique a modalidade escolhida de forma regular. Se a pessoa não gosta de uma atividade com certeza sua adesão ao programa de exercícios será pequena e se a adesão é pequena os benefícios não serão atingidos.

Um trabalho [1] publicado neste ano mostrou que as alterações positivas decorrentes de um programa de reabilitação cardíaca envolvendo alterações alimentares e as práticas de exercícios estão diretamente relacionadas com o grau de adesão as modificações no estilo de vida envolvendo exercício e alimentação.

Outra questão fundamental em relação ao tipo de exercício é o fato de que as pessoas devem praticá-los por vontade própria, pois não exista nada pior do que fazermos algo que não temos vontade. Ser obrigado a fazer algo contra nossa vontade sem dúvida nenhuma não é algo benéfico. Vou descrever um estudo feito com ratos [2] que pode nos trazer informações importantes [porém é importante considerar as limitações dos estudos com modelos animais].


O título do estudo é:

Forced treadmill exercise training exacerbates inflammation and causes mortality while voluntary wheel training is protective in a mouse model of colitis [Exercício forçado em esteira aumenta a inflamação e a mortalidade enquanto exercício voluntário gera proteção para colite em uma modelo animal].

 

O objetivo do trabalho foi analisar se o treinamento físico reduz a inflamação e sintomatologia em um modelo animal para colite [uma doença inflamatória do intestino]. A hipótese dos autores era que a corrida forçada [CF] ou voluntária [CV] reduziriam os sintomas de colite e inflamação do cólon em resposta a uma estimulação medicamentosa da doença. Camundongos foram divididos aleatoriamente em grupo sedentário, um grupo de CF e outro de CV. Contrariamente à hipótese dos autores, o grupo de CF teve exacerbada a sintomatologia da colite e inflamação do cólon. Eles também observaram uma maior mortalidade no grupo de CF. Ao contrário o grupo de CV teve os sintomas e a inflamação do cólon diminuídos. Os autores concluíram que a CF exacerba os sintomas de colite, enquanto a CV diminuí sintomas e a mortalidade.

 

Outro estudo [3] com animais demonstrou que o exercício voluntario é mais benéfico do que o exercício forçado para redução dos aspectos ligados ao Mal de Alzheimer. Mesmo que o exercício forçado possa ser benéfico em alguma situação, como é o caso no Mal de Parkinson, onde quando os animais fazem exercícios forçados os aspectos relacionados à função motora são aprimorados [4], parece importante considerar que de forma geral os benefícios do exercício voluntário parecem serem superiores aos do exercício forçado.

 

Assim quero deixar com mensagem final de que vocês devem sim fazer exercícios, mas vocês devem escolher uma modalidade de exercícios que lhes agradem, pois somente dessa forma a adesão será alta e os benefícios poderão ser alcançados.

 

Grande abraço!

Carlinhos

 

Referências:
  1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24573342
  2. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23707215
  3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19524672
  4. http://nnr.sagepub.com/content/23/6/600.abstract

2 comentários:

  1. Muito legal esta abordagem, muitas vezes vemos pessoas se exercitando por obrigação pelo simples motivo de que o médico mandou.

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  2. Como em tudo na vida sem gostar é difícil! Abraço.

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