quarta-feira, 30 de abril de 2014

Diabetes, Alimentação e Econômia



Olá amigos!

Recentemente recibe de um dos integrantes de um grupo de discussão sobre alimentação que participo um artigo sobre o tipo de alimentação mais efetiva para pessoas com diabetes. A pessoa que me passou o artigo se chama Hilton de Sousa e vocês podem acessar seu Paleo Diário e ler coisas muito boas sobre o tema alimentação.

Bem voltemos ao artigo! O título do artigo é:

A randomized pilot trial of a moderate carbohydrate diet compared to a very low carbohydrate diet in overweight or obese individuals with type 2 diabetes mellitus or prediabetes [link]



O trabalho avaliou a influência de dois tipos de dietas sobre diferentes índices de saúde de pessoas com diabetes do tipo 2 ou pré diabetes. Uma das dietas era com ingestão
moderada de carboidratos, pouca ingestão de gordura  e contagem calórica [CARBO], exatamente como a dieta recomendada pela American Diabetes Association e outra com muito pouco carboidrato, maior ingestão de gordura e sem contagem de calorias [GORD], dieta também conhecida como Low Carb High Fat [LCHF].

Um das variáveis avaliadas foi o que é chamado de Hemoglobina Glicada [HbA1c], esta medida é importante para avaliação de diabetes ou pré diabetes pois ela reflete o quanto a glicose sanguínea esteve elevada durante os últimos 3 meses e é considerada uma forma efetiva para avaliar alterações relacionadas com o diabetes, principalmente quando combinada com outros exames [ref1, ref2 e ref3].

Após 3 meses o grupo GORD teve uma redução significativa nos valores de HbA1c, enquanto o grupo CARBO não apresentou alterações nessa variável. Na média as pessoas do grupo GORD reduziram a HbA1c de 6,6% para 6%, isso significa deixar de ser diabético para entrar na classificação pré-diabético [veja classificação aqui]. Já o grupo CARBO manteve a média de 6,9% durante todo o estudo.

Além disso, dos 12 indivíduos do grupo GORD, 7 deles pararam de usar medicação para diabetes, já no grupo CARBO somente em 2 indivíduos, dos 13 que faziam parte do grupo, interromperam a medicação. Isso significa que se um diabético passar a usar uma dieta rica em gordura natural dos alimentos e pouca quantidade carboidratos, principalmente os grãos, ele tem uma chance 58% de parar de usar remédios, enquanto se ele seguir a dieta recomendada pela maioria dos médicos e nutricionistas terá 15% de chance de para de usar medicação. 

Em relação a redução de peso o grupo CARBO teve uma redução média de 2,6 kg e o grupo GORD 5,0 kg, ou seja o dobro.

Os resultados desse trabalho sugerem que uma dietas com muito baixa quantidade de carboidratos são capazes de mudanças positivas no controle glicêmico no diabetes tipo 2, reduções ou interrupções no uso de medicamentos, assim como redução de peso.

Outro estudo nesta mesma linha realizado durante 1 ano mostrou que somente uma dieta com redução de carboidratos é capaz de gerar alterações positivas na saúde cardiovascular e no controle glicêmico de diabéticos quando comparada com a dieta recomendada pela American Diabetes Association.

Essas mesmas conclusões podem ser vistas em outros trabalhos:

The effect of a low-carbohydrate, ketogenic diet versus a low-glycemic index diet on glycemic control in type 2 diabetes mellitus






Eu poderia citar mais artigos sobre esse tema com as mesma conclusões!

O que realmente me intriga é o fato de apesar de todas as evidências científicas as recomendações alimentares para diabéticos não levam em consideração essas informações. Como pode ser visto nas recomendações do Ministério da Saúde. A manutenção dessa abordagem não gera resultados efetivos no tratamento do diabetes e pode fazer diabéticos terem sérias complicação, como as que são descritas abaixo por uma colega nutricionista:

Meu Avô com DM1 seguindo orientações médicas e de nutricionista conseguiu de brinde uma amputação, cegueira e início de DM2. A alimentação? Rica em integrais, frutas, legumes e verduras, mas muito pouca gordura saturada. Óleo de cozinha PODE...isso falando superficialmente. Minha avó, mulher dele, segue o mesmo caminho e é obesa mórbida. Mesmo comendo pouca gordura, após descobrir a DM2, só engorda mais e mais e é extremamente compulsiva. Mas a nutri dela disse que se der fome, um pão integral vai bem. Meu avô faleceu em decorrência das complicações causadas pelo diabetes. e minha avó, com problemas do coração agora, pois o mesmo não acompanhou o crescimento dela.
E mesmo assim, quando explico isso para algumas colegas, fico sendo a LOUCA nutricionista, que não entende os benefícios da nutrição funcional. Mas sou a única delas, que já conseguiu tirar a metformina da vida de alguns pacientes.

Sério pessoal! Alguém pode me explicar por qual motivo as recomendações oficiais sobre alimentação para diabéticos ainda continuam prescrevendo os alimentos que somente pioram o estado de saúde dessas pessoas?

Vou explicar por qual motivo acho que isso ainda acontece. Claro! Isso que segue é a minha opinião atual e não é capaz de englobar todos os fatos existentes sobre o tema, mas acho que faz sentido.

Não é irresponsável afirmar que muitas corporações econômicas financiam pesquisas e talvez dessa forma possam manipular seus resultados ou demitir pesquisadores caso os resultados dos estudos contrariem interesses econômicos. Como exemplo disso podemos citar o caso da cientista do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Clair Patterson, que foi responsável pela identificação da idade de terra, cerca de 4,5 bilhões de anos. Para que seu trabalho pudesse ser concluído ela descobriu que teria que criar um ambiente para estimativa da idade das pedras livre de chumbo e isso foi muito difícil já que devido produção de gasolina com chumbo e contaminação ambiental com essa substância é grande. Isso levou Patterson a também pesquisar sobre os perigos do chumbo e assim ela passou a ter "inimigos poderosos" e os financiamentos para suas pesquisas despareceram. Leia mais sobre isso aqui.

Isso nos leva a possibilidade de dizer que o poder econômico pode determinar as "recomendações científicas" sobre determinado assunto.

Leiam sobre a importância econômica do trigo para o Brasil na palavras do economista Luis Nassif:


O cereal é produzido em cerca de 133 mil propriedades rurais no Brasil, constituindo um sistema que envolve 800 mil pessoas, segundo pesquisas do gênero. O país possui uma área propicia para a produção de 12 toneladas de trigo, considerando o tamanho da região utilizada para o cultivo do alimento, no entanto, a produção anual nem sempre atinge essa estimativa. Os investimentos na produção fizeram do Brasil uma referência mundial, devido ao grande rendimento das lavouras, cultivado desde o sul do país até a região do cerrado. 
Os estados da Bahia, Minas Gerias, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal é onde a produção está concentrada, as condições climáticas são favoráveis constituída de estações bem definidas, a quente, seca e chuvosa, além de temperaturas amenas, o que colabora para o plantio do trigo. O cultivo é praticado de duas maneiras nessas regiões: o irrigado e o sequeiro, resultando em duas safras ao ano. A primeira é uma técnica que oferece poucos riscos, o rendimento da plantação é alto, implicando em maior produtividade das lavouras de trigo. A segunda forma de cultivo do cereal é realizada entre os meses de fevereiro e março, depende da quantidade de chuvas e é uma técnica que proporciona a melhor cobertura do solo. O plantio direto é forma sustentável de cultivar o trigo, contribuindo para a fertilidade do solo.
O país possui um grande potencial de expansão do consumo de trigo, os índices de crescimento estão evoluindo de acordo com o aumento populacional. A produção do cereal impulsiona parte da economia do Brasil, sua importância na produção de alimentos justifica a pretensão de futuros investimentos no seu cultivo. Por isso, o Brasil deve manter seus investimentos para fazer do trigo uma das principais e mais rentáveis culturas do país.

Notícia de 20 de março de 2014:


Brasil pode colher a maior safra de trigo da história em 2014/2015



A justificativa econômica me parece muito melhor para embasar a recomendação do  Ministério da Saúde de que os diabéticos devem evitar gordura natural dos alimentos e ter como maiores fontes de alimentos os carboidratos, onde a grande maioria tem origem no trigo.

As informações científicas sobre o melhor tipo de alimentação para diabéticos levam na direção oposta, a questão é: Qual caminho seguir? Eu escolho o caminho da ciência!

Sugestão de leitura: Barriga do Trigo - William Davis

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com



terça-feira, 22 de abril de 2014

Brincadeira de Criança

Pense um pouco na sua infância, quando o condicionamento físico era obtido através de um monte de atividades divertidas e brincadeiras e não através de uma série de exercícios e tarefas monitoradas. Uma dessas brincadeiras divertidas com certeza era “pular corda”, fosse no recreio da escola, na praça próxima a sua casa ou até mesmo dentro de casa nos dias de chuva.


Como adultos, somente relacionamos o pular corda como meio de condicionamento físico aos lutadores de boxe e ao Rock Balboa. Com prática e dedicação você também pode colher os benefícios deste divertido e desafiador meio condicionamento físico.

Primeiramente compre uma boa corda e regule o tamanho.  Para verificar se o tamanho esta correto fique com os pés no centro da corda, as pontas devem chegar as suas axilas ou um pouco abaixo, teste e faça ajustes se necessário.


Aprender a pular corda é uma atividade que requer alguns fundamentos básicos, o primeiro deles e dominar o movimento correto de absorção de impacto quando os seus pés tocam o solo. O movimento correto é feito com os pés tocando o solo primeiramente com a ponta e depois deve ser realizada uma pequena flexão dos joelhos.

Outro aspecto básico importante é dar atenção à frequência dos saltos, devem ser realizados em média 2 saltos por segundo. Os saltos não devem ser atrasados para acertar o movimento dos braços e sim o movimento dos braços e da corda devem ser acelerados para serem sincronizados com os saltos.

Abaixo outras dicas que irão auxiliá-lo no inicio do seu treinamento de pular corda:
• Relaxe os ombros e cotovelos e tente mantê-los perto de seu corpo.
• Mantenha as costas retas, com a cabeça erguida.
• Use seus punhos para fazer pequenos círculos e assim girar a corda.
• Pule o suficiente para que a corda passe entre seus pés e o solo.

Benefícios do Treinamento de Pular Corda

Condicionamento cardiovascular
Pular corda aumenta sua frequência cardíaca de forma igual e até mesmo superior a realização de saltos sem a corda [ref], considerando essa capacidade podemos dizer que essa atividade pode gerar melhoras da capacidade cardiovascular. Esse tipo de alteração já foi demonstrada com o treinamento de pular corda em atletas de voleibol [ref], em pessoas não atletas [ref] e também em crianças obesas [ref].

Combate a Osteoporose
No Japão pesquisadores [reffizeram ratos saltar para cima e aterrissar 40 vezes durante uma semana e isso gerou aumento da densidade óssea após 24 semanas e estes ganhos foram mantidos enquanto os saltos eram realizado cerca 20 ou 30 vezes por semana. Esse tipo de alteração na densidade mineral óssea também foi observada em mulheres na menopausa quando foram comparados exercícios de potência, como pular corda, com exercícios de força [ref].


Desempenho Desportivo
Em um estudo de 1998 [ref], foi demostrado que corredores que trocaram um terço de suas sessões de corrida por sessões de treinamento de pular corda tiveram melhorias significativas em suas velocidades de corrida na distância de 5Km. Esta melhoria ocorreu devido a melhoria das características neuromusculares e a na economia de corrida.

Coordenação
Pular corda pode melhorar a sua coordenação e o ritmo entre as mãos e os movimentos dos pés. Pesquisadores [ref] testaram os efeitos do treinamento de pular de corda na força, na coordenação e na propriocepção em atletas de vôlei do sexo. A conclusão foi de que a inclusão dos exercícios de pular corda  melhora a coordenação.

Assim podemos afirmar que a inclusão dessa “brincadeira de criança na nossa vida adulta pode trazer uma série de benefícios. Sendo assim. Vamos brincar!

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

terça-feira, 8 de abril de 2014

Obesidade e Engordar - Um quebra cabeças


Quando falamos que para emagrecer é necessário que ocorra um balanço energético negativo, ingestão calórica menor que o gasto, e afirmamos que esse é o único ou o mais importante dos fatores responsáveis pelo emagrecimento estamos cometendo um grande erro e com talvez gerando frustrações naqueles que tem como objetivo reduzir seu peso!



Ao fazermos essa afirmação é como se estivéssemos tratando o emagrecimento como um fenômeno composto por somente uma parte! Mas na realidade o correto é tratarmos a questão como um quebra cabeças, composto por diferentes peças e onde talvez ainda não tenhamos todas as peças para completá-lo.


 

De quantas peças é composto esse quebra cabeças?

Não sei essa resposta, mas tenho certeza que é composto por mais de uma peça!

Peça 1 - Tipos de alimentos e mudanças hormonais

Sobre esse tema já escrevi diversas vezes [você podem ler aqui sobre isso], expliquei que quando comemos alimentos ricos em carboidratos irá ocorrer no nosso organismo um pico do hormônio insulina que poderá levar a formação e acumulo do gordura nas células adiposas. 

Esses alimentos ricos em carboidratos englobam principalmente os alimentos oriundos dos grãos [sejam eles integrais ou não], os alimentos industrializados com redução ou retirada total das gorduras e a adição de açúcar.


  

Essa afirmação não é somente minha, vocês podem ler sobre esse assunto em diferentes locais. Poderão ler informações de elevado nível científico em:

Peça 2 - Flora Intestinal

Muita vezes populações que ingerem grandes quantidades de carboidratos não possuem níveis representativos de obesidade ou até mesmo nenhum caso. Um exemplo disso são os moradores de uma ilha chamada Kitava, sobres os quais já escrevi em uma postagem anterior [veja aqui]. Eles tem uma dieta onde os carboidratos representam cerca de 70% das calorias, porém os alimentos que são fonte desses carboidratos são vegetais, frutas e algumas raízes.

Outra questão importante sobre esse tema são os asiáticos, eles ingerem uma quantidade representativa de carboidratos vindos do arroz e mesmo assim possuem níveis baixos de obesidade, isso é chamado de Paradoxo Asiático.

A possível explicação para isso esta no fato de que no nosso intestino existem um grande quantidade de bactérias que são importantes para digerir alguns alimentos e nos proteger de outras bactérias. Essas bactérias podem ser divididas em pró inflamatórias e anti inflamatórias, e as pessoas que possuem mais bactérias pró inflamatórias tendem a ter mais peso. E o aumento da quantidade de bactérias pro inflamatórias esta associado com a ingestão de alimentos ricos em carboidratos com origem nos grãos, como mostrou um trabalho realizado em 2012.

Além disso a ingestão de arroz [do tipo que os asiáticos comem ou o parboilizado] é um tipo de carboidrato que após ser preparado e resfriado forma um tipo de amido chamado Amido Resistente. Esse tipo de alimento é um alimento para a nossa flora intestinal anti inflamatória e dessa forma gera efeitos positivos sobre a saúde e a obesidade/emagrecimento. Você pode ler mais sobre esse tema aqui.




Peça 3 -  Genética

Sem dúvida nenhuma a questão genética é um dos fatores determinantes para quanto de gordura corporal um pessoa irá ter. E é possível que a questão genética determine como um indivíduo digere os carboidratos, foi isso que um estudo recente publicado na revista Nature Genetics. Este trabalho avaliou o efeito da quantidade de genes responsáveis por uma enzima chamada de amilase salivar, que é responsável pela digestão dos carboidratos quando eles entram em nossa boca. Esse gene é chamado de AMY 1 e os autores demonstraram que quanto maior é quantidade desse gene menor é o IMC.

Peça 4 - Gordura dos alimentos



Outra coisa importante! Se você quer emagrecer não tenha medo das gorduras naturais dos alimentos, coma carnes, ovos, abacate, banha, manteiga, queijo e nata. Esse alimentos não irão aumentar seu risco de morrer do coração [veja aqui e aqui] e irão fazer você emagrecer.

Uma série de estudos já provaram que dietas ricas em gorduras quando comparadas com dietas com baixa gordura fazem as pessoas emagrecer muito mais, ou seja, quer ficar mais magro coma mais gordura. Isso já foi demonstrado em diversos estudos e um dos mais importantes pode ser lido aqui.


Peça 5 - Antibióticos

Os antibióticos são utilizados desde a década de 50 como medição no combate de doenças em humanos e também para fazer com que aves, porcos e o gado ganhem peso, atualmente os cientistas acreditam que o uso dos antibióticos pode ser mais um fator relacionado com a epidemia de obesidade.


Martin J. Blaser, professor de medicina e microbiologia na Universidade de Nova York e seus colegas passaram anos estudando os efeitos dos antibióticos sobre o crescimento de ratos. Em um experimento, seu laboratório levantou dados sobre ratos alimentados com alimentos de alto teor calórico [lembrando que a origem das calorias é mais importante do que seu valor] e antibióticos. "Como todos sabemos, as dietas das nossas crianças ficaram muito mais ricas [principalmente em açúcar] nas últimas décadas", escreve ele em um livro,  "Micróbios Desaparecidos". Ao mesmo tempo, os antibióticos são frequentemente prescritos para as crianças americanas, o que acontece quando donuts de chocolate se mistura com penicilina?

Os resultados do estudo foram dramáticos, particularmente em ratos fêmeas: eles ganharam o dobro de gordura corporal em comparação com os ratos do grupo controle que comiam a mesma comida. "Para as fêmeas, a exposição aos antibióticos foi o interruptor que converteu mais dessas calorias extras da dieta em gordura, enquanto os machos cresceram mais em termos de músculo e gordura", o Dr. Blaser escreve. "As observações são consistentes com a ideia de que só a dieta moderna de alto teor calórico é insuficiente para explicar a epidemia de obesidade e que os antibióticos podem estar contribuindo." 

O texto sobre esse tema pode ser lido na integra no link.

Peça 6 - Perturbações e duração do sono

Um trabalho realizado da Escola Paulista de Medicina avaliou a influência de apneia do sono e insônia sobre o IMC de 34 mulheres pós menopausa entre 50 e 70 anos. A conclusão foi de uma elevada prevalência de distúrbios respiratórios do sono, sono fragmentado e insônia com IMC elevado [acima de 30 kg/m²].



Outra questão importante é  a influência da exposição a luz durante o período de sono, um trabalho publicado em 2013 mostrou que dormir com algum tipo de luz acessa gera perturbações no sono, afetando a profundidade e estabilidade do sono. Dessa forma poderia contribuir para o ganho de peso.

O cortisol é um hormônio secretado pela glândula supra-renal e é considerado o hormônio do estresse. Existe uma relação entre os níveis mais elevados desse hormônio e a maior incidência de obesidade [referência] e um trabalho feito com crianças mostrou maiores níveis de cortisol ao acorda quando a duração do sono é reduzida.

Parece então que o questão obesidade/emagrecimento é muito mais complexa do parece e tratamentos que considerem somente um ponto sem uma abordagem mais ampla, com certeza estão fadados ao fracasso.

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Agachamento

Mark Sisson [www.marksdailyapple.com] escreveu recentemente que “assim como devemos comer os alimentos que nossos corpos foram projetados [durante a evolução] para comer, devemos mover nossos corpos da forma como eles foram feitos para mover-se e impor os estressores que eles foram feitos para suportar. Isso significa que devemos ficar de cócoras e com frequência.” Essa afirmação é muito importante, pois analisando quais os exercícios devem fazer parte de um programa de condicionamento físico e saúde veremos que ele esta se referindo ao agachamento, também conhecido como squat.


Além do agachamento acredito que outros dois exercícios devam fazer parte desse programa e todas as pessoas deveriam ser capazes de executá-los de alguma forma, considerando as variações possíveis. Estou falando das flexões no solo, também conhecidas como apoios ou pushups e da barra ou pullups.

Como vocês devem ter percebido esses exercícios são realizados com o peso do corpo e que envolvem sempre mais de uma articulação e um grande número de grupos musculares. Além disso, eles simulam movimentos naturais dos nossos corpos, empurrar, puxar, agachar, levantar e escalar.

Para que vocês possam ter uma ideia da importância desse tipo de exercícios falarei um pouco mais sobre o agachamento. Sobre esse exercício existem duas questões que normalmente são levantadas, são elas:
O Agachamento é perigoso para o joelho!
O Agachamento é ruim para coluna!

Agachamento e o Joelho

A National Strength and Conditioning Association [http://journals.lww.com/nsca-scj/Citation/1991/10000/N_S_C_A__POSITION_PAPER__The_Squat_Exercise_in.11.aspx], afirma em um posicionamento oficial que exercícios de agachamento quando realizados de forma correta e com adequada supervisão, não somente são seguros como também funcionam como forma de prevenção para lesões de joelho.

Outra importante entidade voltada ao exercício e saúde, o American College of sports Medicine [ACSM], em um documento oficial [http://www.acsm.org/docs/current-comments/safetysquat.pdf] afirma que os exercícios de agachamento não geram instabilidade na articulação do joelho independente da profundidade de execução e que uma vez que lesões foram tratadas de forma adequada, os exercícios de agachamento devem ser executados já que são os mais eficazes na melhoria da força para proteger o joelho de novas lesões.

Agachamento e a Coluna

Se durante a execução dos exercícios de agachamento as curvaturas naturais da coluna forem mantidas, principalmente a lordose lombar, ocorrerá uma distribuição adequada de forças pela coluna e dessa forma sua execução não irá acarretar em risco para a saúde da sua coluna. Um erro comum durante a execução de agachamentos é desfazer a curvatura fisiológica da coluna lombar, isso acarreta em um aumento da pressão sobre as vértebras e discos intervertebrais o que por sua vez pode aumentar o risco de lesões.  A mesma recomendação é dada na conclusão de um trabalho [http://jrhs.umsha.ac.ir/index.php/JRHS/article/view/879/pdf] que avaliou diferentes formas de elevação da objetos e suas consequências biomecânicas.

O ACSM afirma que manter as curvas fisiológicas da coluna ajuda a distribuir uniformemente as forças sobre a coluna vertebral e assim diminuir a chance de lesão. Para reduzir as forças de compressão da coluna vertebral e as forças de cisalhamento, é necessário possuir boa flexibilidade e amplitude articular nos joelhos, tornozelos, quadris e na coluna vertebral para manter a postura correta durante o agachamento.


Benefícios do Agachamento

Aumento da força

Uma revisão de 18 trabalhos [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22373894] mostrou que o exercício de agachamento é uma excelente ferramenta para o aumento da força dos membros inferiores como também das musculaturas dorsais. Esse aumento de força pode gerar alterações extremamente positivas para saúde a para as tarefas diárias.
Esses ganhos de força podem ser atingidos em períodos menores que que 2 meses, como demonstrou um trabalho [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24662234] em que os participantes aumentaram sua força máxima em período de 7 semanas.

Aumentos na velocidade

O aumento da força está relacionado com o aumento da velocidade [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23584316] e a força pode ser aumentada com exercícios de agachamento. Um estudo realizado com jogadores de rugby [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22310512] mostrou que um programa de 4 semanas de exercícios de agachamento aumentam a velocidade em testes de 5, 10 e 20 metros.

Combate a Osteoporose e Osteopenia

Um trabalho publicado em 2013 [http://journals.lww.com/nsca-jscr/Abstract/2013/10000/Maximal_Strength_Training_in_Postmenopausal_Women.32.aspx] mostrou que o  exercício de agachamento pode servir como uma intervenção eficaz para pacientes com baixa massa óssea. Durante 12 semanas mulheres pós-menopáusicas com osteoporose ou osteopenia passaram por avaliações [pré e pós treinamento] da densidade mineral [DMO]. Os participantes foram distribuídos em dois grupos, um grupo de treinamento e outro grupo controle. O grupo de treinamento foi submetido a 12 semanas de treinamento supervisionado com exercícios de agachamentos, 3 vezes por semana. Após o treinamento a DMO da coluna lombar aumento 2,9% e a do colo do fêmur aumentou 4,9%.

Conclusão

Essas informações colaboram para a afirmação de que um programa de treinamento que visa condicionamento físico e saúde deve envolver exercícios com o peso corporal e outras formas de sobrecarga, principalmente os exercícios de agachamento e suas variações.

E sem dúvida nenhuma a execução correta e supervisionada dos exercícios de agachamento é segura e gera resultados positivos. Afinal de contas quando somos crianças agachamos sem problema, porém depois por perda de força e flexibilidade, perdemos também a capacidade de agachar.


Mas essa capacidade pode ser mantida na vida adulta como treinamento adequado.


Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com