segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Feliz Natal e um Maravilhoso 2015!

Pessoal! Lá se foi mais um ano, espero que nesse ano que passou o blog tenha ajudado aqueles que tem a intenção de melhorar sua condição física e saúde.

Espero também que em 2015 minhas postagens possam contribuir de forma significativa do desenvolvimento e manutenção de uma vida mais saudável.

Torço que todos os meus leitores tenham um Feliz Natal e Grande 2015, que todos os seus planos e objetivos sejam alcançados. Desejo também mutia saúde para cada um vocês e suas famílias.


Hoje entro de férias, retorno as atividades aqui no blog no dia 05 de janeiro. Até lá aproveitem os feriados de final de ano.

Para finalizar essa postagem deixo dois recaddos:

1) Sugiro a leitura de um texto escrito por Eirik Garnas com o título The Unexpected Flaw of the Paleo Diet Philosophy. O Hilton de Souza fez uma excelente tradução [vejam aqui], a seguir apresento o sumário do texto.

Uma das presmissas básicas da dieta paleo é que não tivemos tempo suficiente para nos adaptar às comidas que foram introduzidas após a revolução agricultural. Entretanto, agora estamos aprendendo que apesar do nosso genoma humano mudar lentamente, o microbioma humano – o genoma coletivo dos micróbios (compostos de bactérias, bacteriófagos, fungos, protozoários e vírus) que vivem sobre e dentro do corpo humano – pode ser alterado bastante rapidamente. Alguns tipos de bactérias tem a habilidade de degradar os peptídios do glúten, lactose, ácido fítico e outros ingredientes que são frequentemente considerados as "toxinas" primárias em comidas neolíticas.

O fato de que o microbioma responde a mudanças no ambiente e estilo de vida, e que nós podemos manipular o microbioma intestinal introduzindo novos tipos de bactérias (por exemplo, com comidas fermentadas) e substratos fermentáveis/prebióticos, questiona a idéia de que precisamos de milhares de anos para nos adaptar a novas comidas introduzidas na dieta humana. Entretanto, há outras razões legítimas para reduzir seu consumo de leite, grãos cereais e outras comidas banidas da dieta paleo. Primeiro, o amplo uso de antibióticos, a higiene excessiva, o consumo de comidas altamente processadas, o número crescente de cesarianas e outros fatores associados com a vida no mundo moderno perturbam o microbioma humano, e alguns pesquisadores começaram a falar sobre um microbioma ocidentalizado que perdeu sua diversidade e resiliência originais. Outra questão óbvia com o estilo de vida moderno é que o nosso suprimento de comida é extremamente limpo/estéril. Enquanto fazemos tudo o que podemos para evitar patógenos raros, também removemos micróbios que nos teriam beneficiado ajudando a digerir as comidas que comemos.

Segundo, ainda que possamos nos adaptar relativamente rápido de maneira a digerir e metabolizar novas comidas, não significa que deveríamos necessariamente comê-las. Assim como qualquer outra coisa comestível, há preocupações que precisa-se ter em mente ao desenhar uma dieta saudável, tais como a composição de macronutrientes, qualidade da comida, processamento necessário, perfil de micronutrientes, etc. Perturbações no microbioma humano e o fato de que nos afastamos das técnicas tradicionais de processamento podem ajudar a explicar o crescimento das desordens ligadas aos grãos e ao glúten, e histórias anedóticas de pessoas que experienciam melhor saúde digestiva quando excluem os cereais da sua dieta. Ao invés das próprias comidas, o grande problema parece estar na maneira como elas são processadas e no nosso desconhecimento de como gerenciar o maquinário microbiano digestivo em nosso intestino. Ao escolher produtos de alta qualidade e retornar às técnicas tradicionais, tais como a fermentação do leite e grãos, podemos obter resultados otimizados destas comidas.

Há pouca dúvida de que os humanos modernos encaram um descompasso entre os genes e o ambiente, no sentido de que não estamos adaptados a um estilo de vida sedentário, comidas altamente processadas, uso regular de fármacos, pouca exposição ao sol, etc. Também não há dúvida de que podemos aprender um bocado ao estudar o ambiente ancestral natural e a maneira como vivíamos enquanto caçadores-coletores. A coisa bacana sobre a dieta paleo é que ela é rica em comidas nutritivas, não-processadas, que são muito saciantes por caloria. Também é pobre em alérgenos, antinutrientes e outros ingredientes que frequentemente causam problemas ao danificado intestino ocidental. Entretanto, é também desnecessariamente restritiva para a maioria das pessoas e provavelmente funciona melhor como um ponto de partida do que como conjunto estrito de regras dietárias

2) Conheçam Revista Dieta Paleo.


Saúde não é apenas a ausência de doenças, e conformer Hipócrates dizia há mais de 2.000 anos, precismaos fazer do nosso alimento o nosso remédio.

Esta revista é uma compilação cuidadosamente feita a partir da experiência teórica e prática do autor Hilton de Souza acumulou desde 2013. Partindo de uma análise histórica esta revista descreve os motivos pelos quais as dietas de baixo carboidratos - e em particular, a dieta paleo - funcionam para a promoção da saúde.

Entenda como a transição norte-americana e sua pirâmide alimentar promoveu a maior crise de saúde pública já experienciada pela humanidade, e como é simples ter uma alimentação satisfatória e realmente saudável do ponto de vista nutricional.

Clique na figura da revista para comprar por apenas R$ 10,00.

Abraços!!!!

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com  

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Tenho pouco tempo para fazer exercício!

Hoje em dia cada vez mais as pessoas têm menos tempo e por isso muitas alegam não ter tempo para fazer exercícios. Na maioria das vezes elas justificam dizendo - o médico falou que tenho que fazer pelos menos 30 minutos de exercícios três a quatro vezes por semana.


Em outras postagens já falei sobre os Exercícios Intervalados de Alta Intensidade [EIAI] e suas relações com a melhora do desempenho [veja aqui] , com o emagrecimento [veja aqui] e até mesmo com a reabilitação de cardiopatas [veja aqui].

Hoje quero falar sobre um ponto muito interessante desse tipo de treinamento, a obtenção de resultados com poucos minutos por semana.

Um trabalho clássico que  comparou os EIAI com as atividades de longa duração demonstrou que com 16 minutos de EIAI por semana podiam ser obtidos os mesmos resultados alcançados com 300 minutos por semana de treinamento de longa duração [veja aqui].

A seguir mostro alguns trabalhos que obtiveram resultados bastante positivos com sessões de treinamento envolvendo esforços de 10-30 segundos de EIAI, totalizando sessões de cerca de 30 minutos realizadas 3x/sem.

10 or 30-s sprint interval training bouts enhance both aerobic and anaerobic performance [link]

Os autores concluíram que sessões de EIAI com 10 ou 30 segundos de esforço, repetidos 4-8 vezes por sessão e com intervalos de 2-4 minutos são efetivas para melhora da capacidade aeróbica e anaeróbica.

Running sprint interval training induces fat loss in women [link]

Três sessões por semana de um treinamento de corrida realizado na forma de EIAI, com com esforços de 30 segundos com intervalos de 4 minutos, totalizando menos de 30 minutos por sessões são capazes de gerar redução na gordura corporal, aumento da massa corporal magra e melhora na capacidade cardiorrespiratória de mulheres ativas fisicamente na casa dos 23 anos.

Nos estudos citados acima temos sessões de treinamento de EIAI com duração de cerca de 30 minutos, justamente essa disponibilidade de tempo [90 minutos ou mais por semana] para uma sessões de treinamento que muitas pessoas alegam não ter.

Porém outros trabalhos demonstraram que sessões de 10-15 minutos, realizadas 3 vezes por semana, ou seja 30-45 minutos por semana envolvendo aquecimento, EIAI e volta a calma podem trazer resultados efetivos, vejam a seguir.


Towards the minimal amount of exercise for improving metabolic health: beneficial effects of reduced-exertion high-intensity interval training [link]

Os resultados demonstraram que sessões EIAI de até 10 minutos, com esforços variando de 10, 15, 20 e 30 segundos, realizadas 3x/sem melhoram a capacidade cardiorrespiratória e a sensibilidade a insulina.

Three minutes of all-out intermittent exercise per week increases skeletal muscle oxidative capacity andimproves cardiometabolic health [link]

Foram realizadas 18 sessões ao longo de 6 semanas, cada sessão foi composta por 2 minutos de aquecimento, 3 séries de 20 segundos de EIAI com 2 minutos de intervalo e 3 minutos de volta a calma. Participaram deste estudo 14 pessoas [homens e mulheres] com sobrepeso. Os resultados demonstraram que um protocolo de EIAI de 10 minutos, que envolveu apenas 1 min de exercício difícil, 3x/sem é capaz de estimular mudanças fisiológicas relacionadas à melhoria da saúde em adultos com sobrepeso.  

Esses trabalhos demonstram que existe a possibilidade de melhorarmos nossa saúde com períodos de tempo por semana muito menores do que muitas pessoas imaginam e/ou alguns profissionais recomendam.


Todas as pessoas dedicam cerca de 105 minutos por semana para a escovação dos dentes [3 escovações diárias de 5 minutos, 7 vezes por semana], imagino que 30-45 minutos por semana para cuidar da saúde do "corpo todo" seja bastante viável.


Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Motivos pelo qual sou onívoro e não vegetariano

Sempre que falamos em estilo de vida saudável muitas pessoas se referem ao vegetarianismo como uma forma de alimentação que nos proporcionaria mais saúde.

É bastante comum também que aqueles que optam por uma alimentação vegetariana aleguem motivos éticos para tal opção. Entre esse motivos a crueldade na morte dos animais.

Minha intenção com essa postagem não é fazer nenhum tipo de juízo de valor em relação ao vegetarianismo, simplesmente quero mostrar alguns motivos pelo qual sou onívoro.

Onívoro é aquele animal que tem como fonte de nutrientes os alimentos de origem animal e vegetal.

Razões pelas quais sou onívoro 
[não estão em ordem de importância]

Adoro churrasco
O churrasco é uma atividade que além de proporcionar a ingestão de alimentos importantes também oferece a possibilidade de confraternização entre as pessoas.


Ser onívoro é natural
Considerando que natural seja aquilo que fez parte da evolução de uma espécie, nós Homo Sapiens evoluímos comendo alimentos de origem animal e vegetal. A figura abaixo ilustra isso

original em www.paleodiario.com.br

Nessa figura vocês podem perceber que diferentes comunidades atuais que vivem como nossos ancestrais ingerem alimentos de origem animal e vegetal. Os Inuit ingerem mais alimentos de origem animal e os !Kung mais alimentos de origem vegetal.

A proteína de origem animal é superior a proteína de origem vegetal
A utilização de proteína de soja após uma sessão de treinamento diminui os níveis de testosterona [ref].
Tanto em jovens como em idosos a proteína de origem animal é superior a vegetal para o ganho de massa muscular [ref].
Mulheres que consomem alimentos de origem animal apresentam maior quantidade de massa muscular do que mulheres vegetarianas [ref].

Densidade nutricional
Densidade nutricional se refere a quantidade de nutrientes existentes em um alimento dividida pelo valor calórico desse alimento. Uma dieta baseada em vegetais e carne apresenta elevadíssima densidade nutricional. O quadro abaixo [original em www.chriskesser.com] mostra que os alimentos de origem animal, vegetais e também as castanhas e nozes possuem uma densidade nutricional maior do que os grãos e outros alimentos.

Morte de animais 
Sobre essa questão sugiro a leitura do texto Reflexões éticas sobre alimentação. Neste texto escrito por uma australiano, vocês poderão ver que ao contrário que imaginamos a quantidade de mortes de animais para a produção de alimentos com origem vegetal é maior do que a quantidade de mortes para produção de alimentos de origem animal. Verão também que essas mortes são mais cruéis.

Acredito que todas as pessoas tem direito ao livre arbítrio, somente descrevo aqui algumas razões pelas quais decidi, usando meu direito de livre arbítrio, ser onívoro e comer comida de verdade.

Carlinhos
treinmentocarlinhos@gmail.com


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Outro livro de receitas! Agora para o natal!

Pessoal a Didi D'Addio, autora de um livro de receitas [clique aqui para ver o livro] que eu já havia sugerida antes, lançou mais um. Com certeza este também será muito útil, pois trata de receitas para o natal.


Vocês podem adquirir o livro por apenas R$ 10,00 clicando aqui ou na figura que aparece a direita e acima aqui no blog.

Espero que vocês aproveitem!

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

30 graus...correr ao meio-dia...tu é louco!?

Quando digo para as pessoas que muitas vezes faço meus treinos longos de corrida ao meio-dia, independentemente da estação do ano, quase todos me dizem que isso é loucura, ainda mais no verão com as temperaturas elevadas. 
Antes de vocês continuarem lendo essa postagem peço que assistam o vídeo realizado pela BBC que aparece a seguir.
* se você não consegue assistir o vídeo clique aqui.

Já escrevi muitas vezes que a elaboração dos meus treinamentos leva em consideração a abordagem evolutiva [para saber mais clique aqui], acredito que isso seja importante pois as demandas físicas de nossos ancestrais modelaram nosso genoma e portanto nossa capacidade de responder melhor aos estímulos de treinamento independentemente das demandas fisiológicas de determinado esporte ou competição. 

A corrida de longa duração é um recurso derivado do gênero Homo e pode ter sido fundamental para a evolução das características anatômicas e fisiológicas do corpo humano. Uma das hipóteses para explicar o motivo pela qual teríamos iniciado esse tipo de atividade física durante nossa evolução é a caça persistência [como aparece no vídeo acima]. 

Considera-se que o fator que permite esse tipo de caça é nossa capacidade manter a temperatura corporal e consequentemente dá a nossa espécie uma grande capacidade para corridas de longa duração. Capacidade essa que pode ter tido um valor adaptativo extremamente significativo, permitindo-nos fazer uso da caçada persistente, principalmente antes de domesticação dos cães [1].

Se você procurar dicas de como treinar no calor, um dos conselhos mais repetidos é que você deve evitar o sol do meio-dia, deve escolher correr o mais cedo possível ou o mais tarde, procurando as menores temperaturas possíveis [2-3-4-5]. Essa recomendação está baseada no fato de que a realização de exercícios em climas quentes pode levar ao surgimento de cãibras musculares, náuseas ou vômitos, fraqueza, dor de cabeça ou tontura [5].
A recomendação para realização de exercícios pela manhã parece ter embasamento na literatura científica, um trabalho realizado em 2009 [6] demonstrou que o tempo de exaustão em ciclistas que se exercitaram a 65% da sua capacidade máxima foi maior quando a sessão de exercício foi realizada as 06:45 da manhã que do no início da, as 18:45. Essa diminuição do desempenho parece estar associada com uma menor temperatura corporal no inicio da manhã em relação ao inicio do dia [6-7].
Mesmo considerando as recomendações de que devemos evitar as sessões de treinamento ao meio-dia, principalmente no verão, parece que do ponto de vista evolutivo existem razões que suportam a realização dessas atividades quando necessário.
Atualmente a caçada persistente continua com uma forma de obtenção de alimentos no deserto de Klahari na Africa, essa é uma região semi-árida com 900.000 km². Nesse local as caçadas são realizadas em temperaturas máximas que variam entre 39-42 graus centígrados, elas envolvem 3 ou 4 caçadores que tomam o máximo possível de água no inicio da caçada e mantem um ritmo de corrida e caminhada em busca da trilha do animal escolhido até que ele seja vencido pela fadiga [1].
Segundo um trabalho publicada por Liebenberg em 2006 [1] essas caçadas podem durar de duas até mais de seis horas e os caçadores atingem distâncias que variam de 17 até 35 km, mantendo velocidades médias entre 5 e 10 km/h. No Kalahari o animal que normalmente é a preso se chama Kudu que aparece na foto a seguir.
kudu bull,greater kudu,kudu hunting
O que faz de nós seres humanos os animais mais preparados para atividades de longa duração no calor é o nosso sofisticado sistema de controle da temperatura corporal. Essa maior capacidade de controle da temperatura corporal esta relacionada com aspectos como os que seguem [8]:

  • A maioria dos mamíferos perde calor através da respiração, sistema que está acoplado ao ciclo de respiração e ao funcionamento do aparelho locomotor. Esta interdependência pode limitar a eficácia da respiração como um meio de dissipação de calor.
  • Nos seres humanos a transpiração não é dependente de respiração, o que pode ser mais compatível com o funcionamento de um mecanismo termorregulador. 
  • A falta de pelos no corpo do homem aumenta a condução térmica durante o exercício, uma vez que facilita a convecção na superfície da pele.

Apesar de utilizarmos a transpiração e a convecção para a dissipação do calor, nós seres humanos também utilizamos a respiração como parte de do sistema de eliminação do calor. Nós utilizamos a respiração bucal durante o exercício o que gera menor resistência respiratória do que a respiração nasal [9] e também ajuda a eliminação de calor [10].

Em relação aos quadrúpedes, nós  bípedes apresentamos uma redução dramática na exposição à radiação solar direta e vantagens adicionais geradas pela maior distribuição das superfícies do corpo [11]. As velocidades do vento são maiores e as temperaturas do ar menores quanto maior for a distância do solo, esse fatores aumentam a taxa de dissipação do calor por convecção de um bípede em comparação com um quadrúpede [11]. 

Outro ponto importante da nossa capacidade de se exercitar no calor é a manutenção da temperatura cerebral. As alterações circulatórias geradas pela adoção da posição bípede, além de contribuírem para o aumento do cérebro [12] também torna eficiente a dissipação do calor do sangue arterial durante seu trajeto até o cérebro [13].

Considerando todos esses aspectos evolutivos podemos inferir que a realização de sessões de treinamento de corrida em temperaturas elevadas podem não ser consideradas "uma loucura". Mas é importante frisar que para isso alguns pontos devem ser observados.

1) Como relatado por Liebenger [1] as velocidades médias utilizadas durante as caçadas no Kalhari são de no máximo 10km/h. Isso pode significar que uma redução da intensidade de treinamento seja necessária para que as sessões sejam seguras.
2) É fundamental uma hidratação adequada.
3) Proteção adequada em relação a exposição ao sol.


Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmai.com 

Referências
[8]http://www.jstor.org/discover/10.2307/2742907?uid=2134&uid=2&uid=70&uid=4&sid=21104650098181
[9]http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1281569/
[10]http://www.nature.com/nature/journal/v432/n7015/full/nature03052.html
[11]http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/004724849190002D
[12]http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=7238920&fulltextType=RA&fileId=S0140525X00078973
[13]http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1281569/pdf/jphysiol00755-0260.pdf

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Alimentação e Evolução.

Algum tempo atrás encontrei na  Scientific American o texto que reproduzo a seguir. Esse texto sobre a relação entre a necessidade de nutrientes e a evolução da espécie Homo. 

Esse texto pode ajudar todos que querem entender melhor como uma abordagem evolutiva da alimentação é fundamental para a promoção da saúde.

Porém, alguns pontos necessitam de esclarecimento. E faço isso ao final do texto original.

O texto original pode ser lido aqui.

Boa leitura!

Alimentação e evolução humana
Mudança alimentar foi a força básica para sofisticação física e social
William R. Leonard

Humanos, estranhos primatas. Andamos sobre duas pernas, possuímos cérebros enormes e colonizamos cada canto da Terra. Antropólogos e biólogos procuraram sempre entender como a nossa raça diferenciou-se tão profundamente do modelo primata. Foram desenvolvidos, ao longo dos anos, todos os tipos de hipóteses, visando explicar cada uma dessas particularidades. Um conjunto de evidências, porém, indica que essas idiossincrasias mistas de humanidade têm, na realidade, uma linha em comum: elas são, basicamente, o resultado da seleção natural, atuando para maximizar a qualidade dietética e a eficiência na obtenção de alimentos. Mudanças na oferta de alimentos parecem ter influenciado fortemente nossos ancestrais hominídeos. Assim, em um sentido evolutivo, somos o que comemos.

Consequentemente, o que comemos é ainda uma outra forma pela qual nos diferenciamos de nosso parente primata. Populações de humanos contemporâneos pelo mundo afora, adotam dietas mais calóricas e nutritivas que aquelas de nossos primos, os grandes macacos. Então, quando e como os hábitos alimentares de nossos ancestrais divergiram dos hábitos de outros primatas? Além disso, quanto os humanos modernos se distanciaram do padrão alimentar ancestral?


O interesse científico na evolução das necessidades nutricionais humanas tem uma longa história. Investigações relevantes começaram a ganhar espaço a partir de 1985, quando S. Boyd Eaton e Melvin J. Konner, da Emory University, publicaram um artigo no New England Journal of Medicine intitulado "Nutrição Paleolítica". Eles argumentam que a prevalência de muitas doenças crônicas nas sociedades modernas - entre elas obesidade, hipertensão, doenças coronarianas e diabetes - seriam o resultado de uma incompatibilidade entre padrões dietéticos modernos e o tipo de dieta que nossa espécie desenvolveu para se alimentar como caçadores-coletores pré-históricos.

Desde então, a compreensão da evolução das necessidades nutricionais humanas tem avançado consideravelmente - graças, em parte, às análises comparativas entre populações de humanos vivendo tradicionalmente e outros primatas -, emergindo daí um retrato com mais nuances. Sabemos, agora, que os humanos evoluíram não para subsistirem com uma dieta paleolítica única, mas para desfrutarem de um padrão alimentar diversificado.

Para se compreender o papel da alimentação na evolução humana, devemos nos lembrar de que a procura pelo alimento, seu consumo e, finalmente, como ele é usado para processos biológicos são, todos, aspectos críticos da ecologia de um organismo. A energia dinâmica entre organismos e seus ambientes, ou seja, a energia despendida comparada à energia adquirida, tem conseqüências adaptativas importantes para a sobrevivência e reprodução. Esses dois componentes da aptidão darwiniana refletem-se na forma como estimamos o estoque de energia de um animal. A energia de manutenção é o que mantém um animal vivo. A energia produtiva está associada à concepção e manutenção da prole para a próxima geração. Para mamíferos, isso deve cobrir as demandas das mães durante a gravidez e lactação.

O tipo de ambiente que uma criatura ocupa irá influenciar a distribuição de energia entre esses componentes, em que condições mais duras representam, obviamente, maiores dificuldades. No entanto, o objetivo de todos os organismos é o mesmo: assegurar a reprodução, visando garantir, a longo prazo, o sucesso das espécies. Portanto, ao observarmos a forma como os animais se deslocam para obter a energia alimentar, podemos compreender melhor como a seleção natural produz a mudança evolutiva.

Tornando-se bípedes

Sem excessão, os primatas não-humanos deslocam-se habitualmente sobre os quatro membros quando estão no chão. Os cientistas geralmente assumem que o último ancestral comum dos humanos e dos chimpanzés (nosso parente vivo mais próximo) também era um quadrúpede. Desconhecemos quando, exatamente, o último ancestral comum viveu. Mas indicações claras de bipedalismo - a característica que distinguiu os antigos humanos dos outros macacos - são evidentes nas espécies mais antigas conhecidas do australopitecus, que viveu na África por volta de 4 milhões de anos atrás. Idéias sobre a evolução do bipedalismo são comuns na literatura paleoantropológica.

C. Owen Lovejoy, da Kent State University, propôs, em 1981, que a locomoção sobre as duas pernas liberou os braços para carregar crianças e objetos. Recentemente, Kevin D. Hunt, da Indiana University, sugeriu que o bipedalismo emergiu como uma postura de alimentação, por ter permitido o acesso a alimentos que antes estavam fora de alcance. Peter Wheeler, da John Moores University, Liver- pool, acrescentou que, ao se erguerem, os antigos humanos puderam regular melhor a temperatura corporal, expondo menos o corpo ao calor abrasador africano.
A lista continua. Uma série de fatores provavelmente influenciou esse tipo de locomoção. Minha própria pesquisa, conduzida em colaboração com minha esposa, Márcia L. Robertson, sugere que o bipedalismo desenvolveu-se em nossos ancestrais, pelo menos em parte, por ser menos dispendioso energeticamente que o deslocamento sobre quatro membros. Nossas análises dos custos de energia do movimento em animais demonstraram que, no geral, a maior demanda depende do peso do animal e da velocidade com que ele se desloca. O mais surpreendente no movimento bipedal humano é que ele é notadamente mais econômico que o deslocamento quadrupedal em velocidade de marcha.

A evolução maior dos primeiros hominídeos ocorreu em pastos e espaços de terra mais abertos, onde a sustentação é mais difícil. Sem dúvida, os caçadores-coletores humanos modernos que vivem nesses ambientes, e que nos oferecem o melhor modelo disponível dos padrões de subsistência dos humanos primitivos, freqüentemente se deslocam 12 km por dia em busca de alimentos.

Quanto aos hominídeos que viveram entre 5 milhões e 1,8 milhão de anos atrás, durante o Plioceno, a mudança climática estimulou essa revolução morfológica. À medida que o continente africano foi se tornando mais árido, florestas deram lugar a pastos, deixando os recursos alimentares distribuídos mais irregularmente.

O bipedalismo, nesse contexto, pode ser visto como uma das primeiras estratégias na evolução nutricional humana, um padrão de movimento que teria reduzido substancialmente o número de calorias despendidas na coleta de alimentos.

O que é extraordinário em nosso cérebro grande, sob uma perspectiva nutricional, é o quanto de energia ele consome- aproximadamente 16 vezes mais que um tecido muscular por unidade de peso. Porém, apesar de os humanos apresentarem, quanto ao peso corporal, cérebros maiores que os dos outros primatas (três vezes maior que o esperado), as necessidades totais de energia em repouso do corpo humano não são maiores que a de qualquer outro mamífero do mesmo porte. Usamos uma grande parte de nossa quota diária de energia para alimentar nossos cérebros vorazes. Na verdade, o metabolismo de um cérebro em repouso ultrapassa de, 20 a 25%, as necessidades de energia de um humano adulto - bem mais que os 8 a 10% observados em primatas não - humanos, e que os 3 a 5% em outros mamíferos.

Baseando-nos nas estimativas de tamanho corporal de hominídeos compiladas por Henry M. McHenry, da University of California, em Davis, Robertson e eu estimamos a proporção das necessidades de energia em repouso que poderiam ser necessárias para alimentar os cérebros de nossos antigos ancestrais. Um australopiteco típico, pesando entre 35 e 40 kg, com um cérebro de 450 cm3, teria reservado cerca de 11% de sua energia em repouso para o cérebro. Enquanto um H. erectus, pesando entre 55 e 60 kg e com um cérebro de cerca de 850 cm3, teria reservado cerca de 16% de sua energia em repouso - ou seja, cerca de 250 das 1.500 kcal diárias - para este órgão.

Como teria evoluído esse cérebro tão energeticamente dispendioso? Uma teoria, desenvolvida por Dean Falk, da State University of New York, Albany, sustenta que o bipedalismo permitiu aos hominídeos resfriar o sangue cranial e, conseqüentemente, liberar o cérebro sensível do calor de temperaturas agressivas que haviam colocado em cheque o seu tamanho. Suspeito que vários fatores estiveram em jogo, mas a expansão do cérebro quase que certamente não teria ocorrido se os hominídeos não tivessem adotado uma dieta suficientemente rica em calorias e nutrientes, para suportar os custos associados.

Estudos comparativos em animais vivos sustentam essa afirmação. Além de todos os primatas, espécies com cérebros maiores ingerem alimentos mais ricos; os humanos são um exemplo extremo dessa correlação, ostentando o maior tamanho relativo de cérebro e a dieta mais variada. Conforme as análises recentes de Loren Cordain, da Colorado State University, os caçadores-coletores contemporâneos obtêm, em média, 40 a 60% de energia da carne, do leite e de outros produtos de origem animal.

Chimpanzés modernos, em comparação, obtêm somente entre 5 e 7% de suas calorias provenientes dessas fontes. Alimentos de origem animal contêm bem mais calorias e nutrientes que a maioria dos alimentos vegetais. Por exemplo, 100 g de carne geram acima de 200 kcal. A mesma quantidade de frutas libera entre 50 e 100 kcal. Uma porção comparável de verduras produz somente entre 10 e 20 kcal. Faz sentido, então, que, para o antigo Homo, adquirir mais matéria cinzenta significou procurar alimentos energeticamente mais densos.
Os fósseis, também, indicam que a melhoria na qualidade dietética acompanhou o crescimento evolutivo do cérebro. Todos os australopitecos apresentavam características esqueléticas e dentais estruturadas para processar alimentos vegetais duros e de baixa qualidade. O australopiteco mais antigo e robusto - um ramo da outra ponta da árvore genealógica humana, que viveu lado a lado com membros de nosso próprio gênero - teve adaptações especialmente pronunciadas para triturar alimentos vegetais fibrosos, incluindo faces maciças em forma de prato, mandíbulas fortemente estruturadas; cristas sagitais, no alto do crânio, para a fixação de potentes músculos mastigatórios; e dentes molares enormes e fortemente esmaltados. (Isto não significa que os austrolopitecos nunca comiam carne. Eles certamente ingeriam este alimento, ocasionalmente, tal como os chimpanzés de hoje.) Mas, membros mais antigos do gênero Homo, descendentes dos graciosos australopitecos, possuíam faces e molares menores, mandíbulas mais delicadas, e não apresentavam cristas sagitais - apesar de serem bem maiores, em termos de porte corporal total, que seus predecessores. Em conjunto, essas estruturas sugerem que o Homo ancestral consumia menos matéria vegetal e mais alimentação animal.

Quanto ao que empurrou o Homo para uma qualidade dietética maior, necessária para o crescimento cerebral, a mudança ambiental parece ter sido, mais uma vez, o ponto de mutação evolucionário. A crescente aridez da paisagem africana limitou a quantidade e variedade de alimentos vegetais comestíveis, disponíveis aos hominídeos. Aqueles na mesma linha que deu origem aos robustos australopitecos enfrentaram morfologicamente esse problema, desenvolvendo especificidades anatômicas que permitiram a subsistência com alimentos de mastigação mais difícil, porém com maior disponibilidade. O Homo percorreu outro caminho. A disseminação de pastos também resultou em um aumento na abundância relativa de mamíferos de pasto, como o antílope e a gazela, criando oportunidades para os hominídeos capazes de explorá-los.

O H. erectus o fez, desenvolvendo a primeira economia caça-e-coleta, em que animais de caça eram uma parte significativa da dieta e os recursos eram compartilhados entre os membros dos grupos de suprimento. Sinais dessa revolução comportamental são visíveis nos registros arqueológicos, que apontam um aumento de carcaças de animais em sítios de hominídeos durante esse período, junto com evidências de que as presas eram abatidas com utilização de utensílios de pedra. Essas mudanças na dieta e comportamento de coleta não tornaram nossos ancestrais exclusivamente carnívoros. Mas, a adição de pequenas porções de comida animal ao cardápio, combinada com a divisão dos recursos que é peculiar aos grupos de caça e coleta, teria significantemente aumentado a qualidade e estabilidade das dietas dos hominídeos. Uma melhor qualidade dietética, por si só, não explica por que os cérebros dos hominídeos cresceram, mas parece ter desempenhado um papel crítico na eclosão daquela mudança. Após um grande estímulo inicial no crescimento do cérebro, a dieta e a expansão desse órgão provavelmente interagiram em sinergia; cérebros maiores produziram comportamento social mais complexo, o que conduziu a outras estratégias em táticas de suprimento e a uma melhor alimentação que, por sua vez, fomentou a evolução adicional do cérebro.

Um banquete itinerante

A evolução do H. erectus na África, 1,8 milhão de anos atrás, marcou a terceira virada na evolução humana: o movimento inicial dos hominídeos para fora da África. Até recentemente, a localização e as idades dos sítios fósseis conhecidos sugeriam que os primeiros Homo permaneceram sedentários por poucas centenas de milhares de anos antes de se aventurarem a espalhar-se pelo resto do Velho Mundo.

Estudos antigos indicaram que o aperfeiçoamento da tecnologia de ferramentas, cerca de 1,4 milhão de anos atrás - ou seja, o advento do machado de mão acheliano -, permitiu aos hominídeos deixar a África. Porém, o geocronologista Carl Swisher III, da Rutgers University, e colegas têm demonstrado que os primeiros sítios do H. erectus fora da África, situados na Indonésia e na República da Geórgia, datam de 1,8 milhão e 1,7 milhão de anos atrás, respectivamente. Parece que o surgimento do H. erectus e sua disseminação fora da África foram quase que simultâneos.

O ímpeto por trás dessa nova maneira de errar pelo mundo, novamente, parece ter sido o alimento. O que um animal come é o que define a área que ele demanda para sobreviver. Animais carnívoros geralmente necessitam de muito mais território que os herbívoros de porte compatível, pois têm menos calorias totais disponíveis por unidade de área. Sendo o H. erectus mais encorpado e cada vez mais dependente de dieta animal, provavelmente precisaria de uma gleba maior que os australopitecos, menores e mais vegetarianos. Utilizando dados de primatas contemporâneos e de humanos caçadores-coletores como guia, Robertson, Susan Antón, da Rutgers University, e eu calculamos que a estrutura corporal maior do H. erectus, combinada com o aumento moderado de consumo de carne, demandaria de 8 a 10 vezes mais território se comparado ao espaço requerido pelo tardio australopiteco - suficiente para explicar a abrupta expansão de espécies fora da África. Ainda não sabemos exatamente a que distância, para além do continente, esta mudança teria levado o H. erectus, mas eles podem ter sido motivados e guiados a essas terras distantes por rebanhos de animais migratórios.

Ao mudarem para latitudes nórdicas, os humanos encontraram novos desafios alimentares. Os neandertais, que viveram durante as últimas eras de gelo na Europa, estiveram entre os primeiros humanos a habitar a região ártica, e eles, quase que certamente, teriam necessitado de uma oferta calórica maior para viver sob aquelas circunstâncias. Pistas de quais teriam sido essas demandas de energia são fornecidas por dados de populações humanas tradicionais que habitam hoje as regiões árticas. As populações siberianas de criadores de rena, conhecidas como evenki - que estudei com Peter Katzmarzyk, da Queen's University, Ontário, e Victoria A. Galloway, da University de Toronto, ambas no Canadá - e as populações de inuits (esquimós) do Canadá Ártico apresentam índices de metabolismo em repouso 15% acima do observado em pessoas de porte similar vivendo em ambientes temperados.

As atividades energeticamente mais dispendiosas associadas à vida em um clima nórdico elevaram a demanda calórica. Na verdade, enquanto um homem americano pesando 73 kg e levando uma vida urbana necessita de cerca de 2.600 kg por dia, um diminuto homem evenki pesando 57 kg, necessita de mais de 3 mil kcal/dia para se sustentar. Usando essas populações nórdicas modernas como referência, Mark Sorensen, da Northwestern University, e eu estimamos que os neandertais, provavelmente, teriam necessitado de cerca de 4 mil kcal/dia para sobreviver. Por terem sido capazes de preencher essas demandas, e pelo longo tempo que o fizeram, muito sobre suas habilidades como coletores é revelado.

Dilemas Modernos

Assim como as pressões para melhorar a qualidade alimentar influenciaram a evolução dos primeiros humanos, também esses fatores desempenharam um papel crucial nas expansões mais recentes do tamanho populacional. Inovações como cozimento, agricultura e mesmo aspectos da tecnologia alimentar moderna podem, todos, ser considerados táticas para elevar a qualidade da dieta humana. Cozinhar, por um lado, aumenta a energia disponível em alimentos vegetais selvagens. Com o advento da agricultura, os humanos começaram a manipular espécies de plantas marginais, visando maior produtividade, digestibilidade e conteúdo nutricional - tornando as plantas essencialmente mais próximas dos alimentos animais. Esse tipo de improviso continua hoje, com a manipulação genética de espécies para a produção de "melhores" frutas, vegetais e grãos. Da mesma forma, o desenvolvimento de suplementos nutricionais, que substituem refeições, é uma continuação da tendência iniciada por nossos ancestrais: obter o máximo de retorno nutricional, no menor volume e com o mínimo esforço físico.

A estratégia evidentemente funcionou: os humanos estão aqui hoje, e em números recordes. O testamento mais contundente, porém, da importância de alimentos ricos em energia e nutrientes na evolução humana, talvez esteja na observação de que tantas preocupações com a saúde, que atormentam as sociedades em todo o planeta, tenham origem nos desvios da dinâmica energética estabelecida por nossos ancestrais. Para as crianças em populações rurais de regiões em desenvolvimento, dietas de baixa qualidade resultam em crescimento físico deficiente e altas taxas de mortalidade nos primeiros anos de vida. Nesses casos, os alimentos oferecidos às crianças após o desmame não são, em geral, nutritivos e energeticamente fortes o suficiente para suprir as extensas necessidades associadas a esse período. Apesar de essas crianças, ao nascerem, apresentarem altura e peso tipicamente similares às de crianças norte-americanas, por exemplo, são menores e mais leves por volta dos três anos, assemelhando-se, frequentemente, aos pequenos 2 ou 3% das crianças norte-americanas da mesma idade e sexo.

Estamos encarando o problema oposto no mundo industrial: os registros de obesidade na infância e na vida adulta estão crescendo, porque nosso desejo por alimentos ricos em energia - notadamente aqueles que incluem gordura e açúcar - tornaram-se muito disponíveis e relativamente baratos. Conforme estimativas recentes, mais da metade dos adultos norte-americanos estão acima do peso. A obesidade também apareceu em algumas regiões em desenvolvimento, onde, até há uma geração, era virtualmente desconhecida.

Esse aparente paradoxo surgiu quando pessoas que cresceram malnutridas se mudaram das áreas rurais para lugares urbanos, onde o alimento tem disponibilidade imediata. A obesidade e outras doenças comuns do mundo moderno, de alguma forma, são extensões de um contexto que começou há milhões de anos. Nós somos vítimas de nosso próprio sucesso evolutivo, desenvolvendo uma dieta calórica concentrada, mas minimizando a quantidade de energia de manutenção despendida em atividade física.

Não foram somente as mudanças na dieta que difundiram muitos dos nossos problemas de saúde, mas a interação entre trocas alimentares e mudanças no estilo de vida. Os problemas de saúde modernos são, com freqüência, retratados como o resultado da ingestão de alimentos "ruins", que são desvios da dieta humana natural - uma super simplificação incorporada pelo debate atual sobre os méritos relativos de uma dieta hiperproteica e rica em gorduras tipo - Atkins, ou uma alternativa pobre em gorduras, que enfatiza carboidratos complexos.

Essa é uma visão fundamentalmente equivocada de se enfocar as necessidades nutricionais humanas. A nossa espécie não está apta a subsistir com uma dieta única e ideal. O que é singular nos seres humanos é a extraordinária variedade do que comemos. Fomos capazes de prosperar em quase todos os ecossistemas sobre a Terra, consumindo desde alimentos de origem animal, entre as populações do Ártico, até, basicamente, tubérculos e cereais, entre as populações dos Andes. Sem dúvida, um marco da evolução humana tem sido a diversidade de estratégias que desenvolvemos para criar dietas adequadas às nossas necessidades, e a sempre crescente eficiência com que extraímos energia e nutrientes do ambiente. O desafio que as sociedades enfrentam agora é o balanceamento entre as calorias que consumimos e as que queimamos.

O Uso do Fogo

A ingestão de mais alimentos de origem animal é uma forma de aumentar a densidade calórica e nutricional, uma mudança que parece ter sido crítica na evolução da raça humana. Mas poderiam nossos antepassados ter melhorado a qualidade alimentar de outra forma? Richard Wrangham, da Harvard University, e colegas recentemente pesquisaram a importância do cozimento na evolução humana. Eles demonstraram que cozinhar não só faz com que os vegetais fiquem mais macios e fáceis de se mastigar, como aumenta substancialmente o conteúdo energético disponível, particularmente em tubérculos feculosos como a batata e a mandioca. Quando crus, as féculas não são imediatamente quebradas pelas enzimas do corpo humano. Quando aquecidos, porém, esses carboidratos complexos tornam-se mais digestíveis e, portanto, liberam mais calorias.
Os pesquisadores propuseram que o Homo erectus foi, provavelmente, o primeiro hominídeo a usar o fogo para cozinhar há, talvez, 1,8 milhão de anos.

Eles sustentam que aquele cozido antigo de vegetais (especialmente tubérculos) permitiu à espécie desenvolver dentes pequenos e cérebros maiores que seus antecessores.
Além disso, as calorias extras permitiram ao H. erectus começar a caçar - uma atividade energeticamente dispendiosa - com maior freqüência.

Sob uma perspectiva energética, essa é uma linha suficientemente lógica de raciocínio. O que fica difícil de aceitar nessa hipótese é a evidência arqueológica que a equipe de Wrangham utiliza para defendê-la. Os autores citam sítios do leste africano, Koobi Fora e Chesowanja, datados em torno de 1,6 e 1,4 milhão de anos, respectivamente, para indicar o controle do fogo pelo H. erectus. Esses locais, realmente, mostram evidências de fogueiras, mas se hominídeos foram os responsáveis por essas fogueiras é um assunto a ser debatido. A mais antiga e inequívoca manifestação do uso do fogo - fornos de pedra e ossos de animais queimados em sítios na Europa - datam somente de cerca de 200 mil anos.

O cozimento foi claramente uma inovação que melhorou substancialmente a qualidade da alimentação humana. Mas ainda continua incerto quando essa prática apareceu. - W. R. L.

Caçadores Neandertais

Para reconstruir o que os primeiros humanos comeram, pesquisadores têm, tradicionalmente, estudado sinais característicos em dentes fossilizados e crânios, restos arqueológicos de atividades relacionadas à alimentação, e às dietas de humanos e macacos vivos. Mas, cada vez mais, os investigadores estão extraindo uma outra fonte de dados; a composição química de fósseis de ossos. Essa abordagem tem permitido descobertas especialmente intrigantes com relação aos neandertais.

Michael Richards, atualmente na University of Bradford, Inglaterra, e colegas examinaram, recentemente, isótopos de carbono (13C) e nitrogênio (15N) em ossos de neandertais de 29 mil anos da Caverna Vindija, Croácia. As proporções relativas desses isótopos na parte protéica do osso humano, conhecida como colágeno, refletem diretamente a quantidade de proteína da dieta do indivíduo.

Assim, pela comparação isotópica das "assinaturas" nos ossos dos neandertais com a de outros animais vivendo no mesmo ambiente, os autores puderam determinar se a massa protéica obtida pelos neandertais era proveniente de vegetais ou animais. As análises demonstram que os neandertais de Vindija apresentavam níveis de 15N comparáveis àqueles vistos em carnívoros do norte, como as raposas e os lobos, indicando que eles obtiveram quase toda sua proteína dietética de alimentos de origem animal. Um trabalho anterior sugeriu que a ineficiência no suprimento pode ter sido um fator do subsequente fim dos neandertais. Mas Richard e colaboradores argumentam que, para consumir tanto alimento de origem animal, como eles aparentemente o fizeram, os neandertais devem ter sido caçadores exímios. Essas descobertas são parte de um corpo crescente de literatura, sugerindo que o comportamento de subsistência dos neandertais era mais complexo que o previamente imaginado (ver "Who Were the Neandertals?" de Kate Wong; SCIENTIFIC AMERICAN, Abril 2000). - W. R. L.

A Diversidade das dietas

A ariedade de estratégias alimentares de sucesso, empregadas pelas populações que vivem tradicionalmente, proporcionam uma perspectiva importante no avanço dos debates sobre como regimes com índices altos de proteína e baixos de carboidrato, como a dieta de Atkins, comparam-se com os que destacam carboidratos complexos e restrição à gordura. Não é surpresa o fato de que esses dois esquemas produzem perda de massa, porque ambos ajudam as pessoas a diminuir o peso através do mesmo mecanismo básico: limitando as maiores fontes de calorias. Quando você cria um déficit de energia - ou seja, quando você consome menos calorias do que despende -, seu corpo começa a queimar seus estoques de gordura e você perde peso.

Uma questão maior sobre as dietas saudáveis de manutenção ou de perda de peso é se elas criam padrões alimentares mantidos ao longo do tempo. Nesse ponto, parece que as dietas que limitam em excesso grandes categorias de alimentos (carboidratos, por exemplo) são muito mais difíceis de serem mantidas que as dietas que restringem moderadamente. No caso do regime tipo - Atkins, existe uma preocupação com as potenciais conseqüências, a longo prazo, da ingestão de alimentos provindos, em sua maior parte, de animais confinados, com tendência a conter mais gordura e mais colesterol "ruim".

Em setembro, o National Academy of Science Institute of Medicin lançou novas diretrizes de dieta e exercício que captam bem as idéias apresentadas aqui. Não apenas o Instituto estabeleceu faixas maiores para a quantidade de carboidratos, gorduras e proteínas condizentes com uma dieta saudável - reconhecendo que existem várias formas de suprir as necessidades nutricionais -, como dobrou a quantidade recomendada de atividade física moderadamente intensa para uma hora por dia. Ao seguir essas informações e balanceando o que comemos com exercícios, podemos viver não só de uma forma parecida com os evenki da Sibéria e outras sociedades tradicionais, como também com os nossos ancestrais hominídeos. - W. R. L.

RESUMO / Dieta e Evolução Humana

- As características que mais distinguem os humanos de outros primatas são, certamente, os resultados da seleção natural, agindo no melhoramento da qualidade da alimentação humana, e a eficiência com que nossos ancestrais obtiveram os alimentos. Alguns cientistas sugeriram que muitos dos problemas de saúde enfrentados pelas sociedades modernas seriam conseqüências de uma discrepância entre o que ingerimos e o que nossos antepassados comeram.

- Estudos entre populações que vivem tradicionalmente apontam que os humanos modernos estão aptos a suprir suas necessidades nutricionais usando uma ampla variedade de estratégias. Adquirimos flexibilidade alimentar. A preocupação com a saúde no mundo industrial, em que alimentos calóricos concentrados estão facilmente disponíveis, não se originam de desvios de uma dieta específica, mas de um desequilíbrio entre a energia que consumimos e a que despendemos.

Acho que é importante falarmos sobre a questão citada pelo autor em relação ao desequilíbrio entre a energia que consumimos e a que gastamos. Isso se chama balanço energético, não podemos dizer isso seja a causa das preocupações relacionadas a saúde.
Pois atualmente a ciência já demonstrou que o ganho de peso e obesidade acontecem em pessoas que comem mais calorias do que gastam, mas também pode ocorrer em pessoas que gastam um número elevada do calorias. O mais importante são as alterações hormonais que a combinação de alimentação e exercício irão gerar e não simplesmente uma questão matemática. Para um maior esclarecimento sobre isso clique aqui, aqui, aqui e aqui. Acredito que a principal relação entre ingestão de calorias e gasto calórica é que não existe ingestão calórica sem gasto calórico. Mas isso leva questões hormonais e fisiológicas e não matemáticas.

Temos também que tomar cuidado para não usar a expressão "flexibilidade alimentar" como desculpa para comermos qualquer tipo de alimento. Na figura que segue [original em www.paleodiario.com ] vocês podem ver que realmente existe variação nas dietas das população caçadoras-coletoras atuais.



Mesmo com as variações os quatro exemplos apresentam uma coisa em comum, essas dietas são constituídas de "Comida de Verdade". 

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com




segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Como evitar dores na coluna!?

Em maio escrevi uma postagem sobre a efetividade do treinamento de Pilates para diminuição das dores nas costas, se você não seu clique aqui.

Hoje recomendo que assistam uma reportagem realizada em um dos locais onde trabalho, Estúdio Fabio Bao Fisioterapia e Pilates, que fala sobre como evitar dores na coluna.

Nessa reportagem você conhecerá alguns padrões de postura que devem ser considerados quando praticamos algum tipo de exercício.

Espero que a reportagem seja útil.

Clique aqui e assista a reportagem!

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Um livro muito útil!

Para grande maioria das pessoas a maior dificuldade para uma modificação efetiva de hábitos alimentares é o que comer no dia a dia, para facilitar essa transição nossa amiga Didi D'Addio lançou um livro eletrônico [EBook] com mais de 50 receitas.



É o primeiro livro de receitas para quem faz a dieta paleo em português, nele você encontrará receitas fáceis para todas as refeições. Todas as receitas foram preparadas pela autora e Chef de Cozinha Paleo, Dirlene D'Addio.

O livro esta dividido em categorias para facilitar o manuseio, tais como, carnes, peixes, ovos, sobremesas e muito mais!

Se você quiser ter o seu clique AQUI.

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Uma informação vital!

Hoje recomendo a leitura de uma importante postagem do Dr. Souto (link). Nesra postagem ele trata de uma questão relevante, que é o fato de que muitos profissionais da saúde tentam desencorajar seus pacientes e clientes de seguirem uma Dieta Evolutiva, que é baseada em alimentos de verdade, não ter medo de carne e gorduras naturais, uma menor ingestão de carboidratos, eliminação de grãos e máxima redução possível de alimentos industrializados.

Esse desencorajamento não apresenta sustentação científica e a ciência já demonstrou de forma muito clara que a Alimentação Evolutiva (lowcarb/paleo) é pelo menos igual as recomendações tradicionais para uma alimentação saudável.

Na realidade e as evidências científi as mostram que a Alimentação Evolutiva é superior.

Uma vez o autor de postagem que recomendo me disse qhe eu não devia simplesmente acreditar no que ele estava me dizendo e sim buscar interpretar o que a ciência baseada evidência e tirar minhas conclusões.

O motivo pelo qual faço a recomendação de hoje, como fiz em vezez anteriores, é o por que cheguei a um interpretação igual a sua sobre as questões da alimentação e suas relações com a saúde.

Outro motivo é que no último sábado (18) ocorreu na PUC em Porto Alegre a jornada dos formandos da nutrição, com o tema "dietas da moto". E entre essas dietas estava inclusa e Dieta Evolutiva, mostrando que a formação dos profissionais da saúde precisa rever conceitos.

Boa leitura!
Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Dia Mundial da Alimentação

Espero que nesse 16 de outubro os conceitos sobre alimentação saudável deixem de ser fundamentados em alicerces que não tenham como blocos básicos de construção a Evolução Humana, a Ciência Baseada em Evidência e a Busca Lógica da Verdade.


Não tenho certeza se este cartaz [que encontrei na internet] é desse ano, mesmo assim desejo que todos tenham "direito á alimentação" composta por comida de verdade.

Gostaria de aproveitar essa data a parabenizar todos aqueles, profissionais da saúde ou não, que tem se dedicado a mostrar como as pessoas podem melhorar sua saúde e evitar doenças através da alimentação.

Abaixo coloco alguns links criados por pessoas que representam todos esses profissionais, peço desculpas pois não é possível citar todos.

www.lowcarb-paleo.com.br

www.paleodiario.com.br

www.nutridaspanelas.blogspot.com.br

www.primalbrasil.com.br

www.deliartcakecreations.com

www.professoradolfo.blogspot.com.br

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Culpa é das Estrelas 3 - O Reforço

NOTA: Se você não leu as duas postagens anteriores [ A Culpa é das Estrelas?! e A Culpa é das Estrela?! - Parte 2] acesse aqui e aqui.

Em breve você poderá assistir a terceira partes do filme a "Culpa é das Estrelas?!". 

Nesta continuação houveram algumas alterações, tanto na direção quanto no elenco.

O diretor Josh Boone foi substituído pelo "Abordagem Evolutiva", que já dirigiu outros sucessos das telona.
Josh Boone

A atriz Shaillene Woodley deu lugar a filha do novo diretor, que se chama "Dieta Evolutiva Lowcarb Paleo" e no ator Ansel Elgord vocês poderam ver o grande desempenho de "Ciência Baseada em Evidência".
Shailene Woodley
Ansel Elgort

Nessa nova versão o tema principal é a reversão da perda de memória causada pelo Mal de Alzheimer e por outras doenças que geram perda da capacidade cognitiva. Essa reversão é causada por uma série de alterações no estilo de vida e na alimentação, o ponto principal das alterações na alimentação é a eliminação dos carboidratos, trigo e comida processada.

Tá legal! Fora a brincadeira, o negócio é sério.

O Mal de Alzheimer é considerada um doença sem cura e o tratamento é paliativo, como podemos concluir depois de ler as informações encontradas no site da Associação Brasileira de Alzheimer.
Até o momento, não existe cura para a Doença de Alzheimer. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. As pesquisas têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no desenvolvimento das drogas para o tratamento. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo. Os tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico.
Mas parece que o inicio para a mudança de quadro começa e tomar corpo no meio da ciência. A cerca de um ano o site UOL publicou seguinte reportagem:


Manchetes que anunciam "cura do Alzheimer" ou "grande descoberta em Alzheimer" são comuns e, nesta semana, mais uma se juntou a elas.
Ainda são necessárias mais pesquisaspara desenvolver uma droga que possa ser usada por doentes. Mas os cientistas dizem que um medicamento feito a partir da substância poderia tratar doenças como alzheimer, Mal de Parkinson, Doença de Huntington, entre outras.
O jornal britânico The Times anunciou "Cura para o Alzheimer 'está ao alcance'" na primeira página. O The Independent saiu com "Cientistas comemoram descoberta histórica na guerra contra o Alzheimer".
Apesar de não se tratarem de manchetes novas, uma grande diferença desta vez é que cientistas cautelosos estão sugerindo que a última descoberta pode ser realmente histórica.
Quase todas as notícias publicadas sobre o assunto têm uma frase do professor Roger Morris, do King's College de Londres.
"Suspeito que esta descoberta será julgada pela história como um momento decisivo na busca de medicamentos para controlar e evitar o alzheimer", disse o cientista.

Momento importante

A fonte primordial de tanta animação é que a substância química descoberta suspendeu a morte de células do cérebro em um cérebro vivo, que, de outra forma, teria morrido devido a uma doença neurodegenerativa.
Quando entrevistei o professor Morris na noite de quarta-feira, ele usou a palavra "marco" várias vezes.
No estudo do Conselho de Pesquisa Médica na Universidade de Leicester, foram usados camundongos com uma doença semelhante à forma humana da doença da vaca louca. Dentro de oito semanas, os cérebros dos camundongos se deterioraram tanto que a memória e os movimentos estavam afetados. Na 12ª semana, os camundongos estavam mortos.
Mas, quando outros camundongos infectados com a mesma doença receberam um "composto parecido com medicamento", eles sobreviveram às 12 semanas sem sinais de morte de tecido cerebral. A substância química também causou efeitos colaterais como perda de peso e diabetes.
Outra fonte de otimismo são as implicações desta descoberta.A substância química ajuda o cérebro a lidar com a produção de proteínas defeituosas. O alzheimer tem uma proteína deformada específica, assim como o Mal de Parkinson e a Doença de Huntington.
A resposta do cérebro a todas estas doenças é suspender a produção de proteínas, mas isto acaba matando as células do cérebro. A substância química descoberta ajuda as células do cérebro a ignorar estas proteínas deformadas, e a continuar funcionando, vivo.

Traços em comum

No passado, a pesquisa em doenças neurodegenerativas se concentrou no que era único àquelas doenças. Esta abordagem analisa o que todas têm em comum. E, se a descoberta realmente funcionar, então levanta a possibilidade de um único medicamento para curar ou evitar quase todas as formas de neurodegeneração.
"Se [a substância] paralisa a degeneração do cérebro, vai parar a doença em pessoas que já têm. E se podemos detectar a doença cedo, vai evitar muita degeneração", afirmou Giovanna Mallucci, que liderou a pesquisa.
"A esperança é deter a morte de células do cérebro e isto é o que é tão animador", acrescentou.
Vale destacar que as descobertas precisas do estudo, uma substância química tóxica que os pesquisadores sequer chamam de medicamento, paralisa a morte de células do cérebro em camundongos.
Claramente, isto não é uma cura, mas abre caminho para uma. Dá às companhias farmacêuticas e cientistas algo para trabalhar.
Este processo levará tempo, provavelmente mais de uma década, sem garantias de sucesso no final.

Exemplos

Na história recente da pesquisa médica há muitos exemplos de medicamentos que pareciam promissores em camundongos, mas acabaram decepcionando quando testados em humanos.
Esta substância química funciona em um cérebro de camundongo, que tem 75 milhões de neurônios. Um cérebro humano, mais complexo e com 85 bilhões de neurônios, é muito diferente.
Simon Ridley, chefe do setor de pesquisa da organização de caridade britânica especializada em alzheimer, Alzheimer's Research UK, disse à BBC que os pacientes terão que esperar muito.
"Temo que [a espera] será mais longa do que qualquer um de nós gostaria. Acredito que há muitas pessoas que estão desesperadas por qualquer notícia sobre novos tratamentos, que eles gostariam de fazer hoje", afirmou.
"Acho que neste estágio poderíamos esperar uma década antes de sabermos se será eficaz", acrescentou.
Essa reportagem mostra o entusiasmo da comunidade científica com a descoberta de uma substância que pode reverter a morte dos neurônios em ratos, mas que precisará passar por teste com humanos e quem sabe seja necessário uma década para que isso se confirme. A reportagem também ressalta que em outros momentos da ciência outros medicamentos que eram promissores nos trabalhos com animais não tiveram sua eficácia confirmada quando testados em humanos.

Se a comunidade científica mostrou todo esse entusiasmo com essa notícia o que será que farão quando lerem a que reproduzo abaixo, que tem o como título a seguinte frase:


Alzheimer: Perda de memória revertida pela 1.ª vez



Pela primeira vez, um investigador conseguiu reverter a perda de memória em pacientes com doença de Alzheimer através de um programa personalizado e complexo de tratamento testado num pequeno ensaio clínico e que melhorou, subjetiva ou objetivamente, o estado de saúde dos voluntários.
 
O ensaio clínico foi coordenado por Dale Bredesen, investigador da Universidade da Califórnia - Los Angeles, nos EUA, e é o primeiro a sugerir que a perda de memória pode ser revertida (e que é possível manter as melhorias) através de um programa terapêutico com 36 diretrizes.
 
programa em causa, desenvolvido por Bredensen, e cuja eficiência foi dada a conhecer num estudo publicado na revista científica Aging, envolve alterações na dieta, estimulação cerebral, exercício físico, incremento da qualidade do sono, administração de fármacos e vitaminas específicas e diversos outros passos que afetam as propriedades químicas do cérebro.
 
"Os fármacos existentes, atualmente, contra o Alzheimer, dirigem-se um único alvo, mas a doença é mais complexa do que isso. É como ter um telhado com 36 buracos e um medicamento que tapa apenas um deles, embora muito bem", explica Bredensen em comunicado divulgado pela universidade norte-americana.
 
"O medicamento pode funcionar, e um dos buracos pode deixar de existir, mais ainda há outros 35 e o processo que os causa não é verdadeiramente combatido", acrescenta o investigador, cuja abordagem pretende, portanto, ser personalizada e baseada numa ampla série de testes para compreender o que degrada a plasticidade cerebral em cada caso.
 
O cientista submeteu 10 pessoas a um conjunto de mudanças ao nível do estilo de vida, desde a eliminação total dos hidratos de carbono, do glúten e dos alimentos processados da dieta, passando pela prática de meditação duas vezes por dia, pela ingestão de vitaminas e óleos de peixe, entre outras alterações.
 
Seis dos pacientes envolvidos tinham sido obrigados a deixar de trabalhar ou estavam a ter dificuldades em cumprir com as funções e, em sequência do ensaio clínico, conseguiram regressar aos antigos empregos ou continuar a trabalhar com melhorias ao nível da performance, melhorias que se mantiveram ao longo do tempo.
Segundo Bredensen, todos beneficiaram de melhorias à excepção de uma pessoa com Alzheimer em estado avançado, situação que já não pôde ser contrariada mesmo com o seguimento das diretrizes estabelecidas.

Tratamento tem efeitos secundários positivos
 
O investigador destaca que a complexidade do programa é a maior dificuldade do tratamento, já que o mesmo coloca um grande peso sobre os ombros dos pacientes e dos cuidadores: nenhum dos pacientes foi capaz de seguir totalmente à risca o protocolo, sendo a principal queixa a necessidade de alterar a dieta e de tomar uma grande quantidade de vitaminas por dia.
 
Ainda assim, Bredensen acredita que se trata de uma terapia vantajosa, especialmente porque os efeitos secundários que se fazem sentir são positivos. "Os principais efeitos secundários deste sistema terapêutico são uma melhor saúde e um melhor índice de massa corporal, uma grande diferença em relação aos efeitos de muitos fármacos", salienta.
 
Os resultados indicam que a perda de memória pode ser revertida, mas o coordenador do ensaio clínico alerta que será preciso replicar estas conclusões para apurar a verdadeira eficiência do programa.
 
"É necessário um ensaio clínico mais amplo, não apenas para confirmar ou anular os resultados aqui obtidos, mas para analisar questões como o grau de melhoria que é possível obter diariamente, até que fase da doença é possível reverter a perda de memória", entre outros aspectos, conclui.

Essa reportagem fala de um trabalho publicado em setembro de 2014 que tem como título: Reversal of cognitive decline: A novel therapeutic program. Os efeitos benéficos dessas alterações na alimentação e estilo de vida se mostraram eficazes a longo prazo e podem ser consideradas com uma plataforma de tratamento que possibilitaria que medicações e outras terapias isoladas tivessem sucesso. 

Acredito que essas informações demonstrem que uma alteração na alimentação [Dieta Evolutiva] que engloba:
  • Eliminar os grãos
  • Reduzir a ingestão de carboidratos 
  • Eliminar a comida processada
  • Aumentar a ingestão de gordura natural dos alimentos
Que eu já havia sugerido nas postagens anteriores [aqui e aqui] pode não só prevenir o Mal de Alzheimer e de outras doenças que afetam a capacidade cognitiva, como também trazer benefícios secundários para saúde.

Sei também, como diz o autor, que é bastante difícil modificar a alimentação. Mas pensem no seguinte, pode ser a alimentação a causadora dessa e de outras doenças modernas, será que não vale a pena o esforço de mudar ao invés de culpar as estrelas?

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com