terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Lei municipal proíbe sal na mesa dos restaurantes de Porto Alegre

Em Porto Alegre um projeto de lei que institui um programa chamado Menos Sal, Mais Saúde foi aprovado na última segunda-feira (15/2), com isso os restaurantes da cidade estão proibidos de deixar o saleiro na mesa. Caso você queira botar sal na seu prato terá que pedir ao garçom.

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Leis que tentam fazer com que a população seja mais saudável são sempre cheias de "boas intenções", assim com o "inferno". Quando isso envolve questões que afetam as pessoas de forma involuntária, com fumar em ambientes fechados, tudo bem. Ainda mais quando a ciência justifica a legislação como é o caso do cigarro.

Porém no caso do sal o incentivo para sua redução não irá trazer benefícios para a saúde! Se você quiser mais informações sobre o tema leia a postagem Exercício e Alimentação - Sal que publiquei em 7 de outubro de 2014.  

Vou resumir alguns pontos importantes da postagem de 2014, são eles:

  • Tudo começou em 1970, quando Lewis Dahl do Laboratório Nacional de Brookhaven alegou possuir  “evidências científicas inequívocas” de que o sal causava hipertensão: ele induziu pressão alta em ratos alimentando-os com o que equivaleria a ½ kg de sódio por dia para um humano.
  • Em 1977 o Senado dos EUA, através do Comitê de Nutrição e Necessidades Humanas, produziu um relatório recomendando que os americanos cortassem seu consumo de sal entre 50 e 85%, baseado principalmente no trabalho do Dr. Dahl. Mesmo que isso não tenha sido reproduzido em humanos.
  • Em 1988 um estudo comparou o consumo de sal com a pressão arterial em pessoas de 52 centros de pesquisa pelo mundo e não achou nenhuma correlação entre consumo de sal e prevalência de hipertensão. Ao contrário, as populações que comiam mais sal, cerca de 14g por dia, tinham pressão arterial mais baixa, em média, do que os que comiam menos sal - cerca de 7,2g por dia.
  • Em 2003 um trabalho que incluiu 57 estudos de duração mais curta  concluiu que “há pouca evidência de benefício a longo prazo na redução do consumo de sal”.
  • Em 2004 outro trabalho concluiu que “intervenções intensivas de redução do sal, além de pouco práticas no contexto da atenção primária à saúde, produzem reduções mínimas na pressão arterial em estudos de longo prazo”.
  • Em 2006 um trabalho comparou o consumo referido por 78 milhões de americanos com seu risco de morrer de doenças cardiovasculares em um período de 14 anos. O resultado foi que quanto mais sódio as pessoas consumiam, menor era o seu risco de morrer do coração.
  • E um estudo de 2007 seguiu 1500 pessoas idosas por 5 anos e não encontrou nenhuma relação entre os níveis de sódio excretados na urina e o risco de doença vascular coronariana e morte.
  • Um estudo que envolveu um total de 6250 pessoas não encontrou nenhuma evidência forte de que cortar o sal reduza o risco de ataques cardíacos, derrames ou morte em pessoas com pressão normal ou alta.
  • Pesquisadores europeus relataram que quanto menos sódio as pessoas excretavam na sua urina (uma excelente medida de seu consumo de sal) - maior era o seu risco de morrer do coração.
  • Quando se consome menos de 2300 mg de sódio ao dia, a mortalidade aumenta.
  • Mesmo em pacientes com insuficiência cardíaca, a restrição severa de sódio aumenta em 3x as internações e em 2x as mortes.
  • Em pacientes hipertensos, consumir menos de 3g de sódio ao dia aumenta o risco de ataques cardíacos, derrames, insuficiência cardíaca congestiva e morte por causas cardiovasculares (mais de 7 gramas/dia também aumenta o risco - mas isso equivale a 17 gramas de sal!).
  • Consumir pouco sal aumenta a resistência à insulina e os triglicerídeos.
  • Em 2013 um trabalho demonstrou que a redução da ingestão de sal leva a resistência a insulina e uma diminuição da capacidade de dilatação dos vasos sanguíneos. E este poderia ser o mecanismo pelo qual dieta com redução de sal não é efetiva para a diminuição da pressão arterial.
Na mesma segunda-feira (15/2) o Dr. Assem Malhorta, que é fundador da campanha "Action on Sugar", publicou no Daily Mail um texto chamado The truth about fat and sugar: Cardiologist explains why FATis the best medicine - and why it's so crucial to our health. Nesse texto ele explica por quais razões o açúcar é responsável pelo aumento do risco cardiovascular e de diabetes.

Dessa forma parece que o programa aprovado pelos nossos vereadores deveria se chamar Menos Açúcar, Mais Saúde.

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com