quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Treinamento Intervalado de Alta Intensidade e o Coração



Conheço uma família já faz algum tempo...onde além de amigos...um dos componentes da família é meu colega de trabalho...outro é meu aluno...e outro já foi meu aluno...

Alguns meses atrás um dos componentes da família...o que não mais meu alunos, mas continua sendo meu amigo...teve um infarto agudo do miocárdio...passado todo o período hospitalar o médico lhe indicou a prática de caminhada...


Resolvi escrever essa postagem motivado pela intenção de passar a melhor informação possível sobre qual o tipo de exercício mais efetivo para ser executado por uma pessoa que já sofreu um infarto ou qualquer outro problema cardíaco...então vamos lá!


A revista Exame mostra um reportagem onde o exercício é confirmado como uma forma efetiva de tratamento para infarto...veja aqui...


Em outra reportagem que encontrei na internet...veja aqui...são recomendados exercícios aeróbicos de baixa intensidade, 30 minutos por sessão, 5 vezes por semana, já que que menos que isso os resultados não são efetivos...diz o médico consultado.


No site do ministério do esporte...veja aqui...encontrei um texto falando sobre a necessidade da realização de atividades leves, como caminhadas.


A reabilitação cardíaca através do exercício normalmente é feita através de treinamentos contínuos com intensidade entre 50-80% da capacidade aeróbica máxima, como é recomendado pelo College of Cardiology Foundation/American Heart Association. Porém esse tipo de treinamento gera alterações modestas no nível de saúde dos participantes envolvidos, como demonstram os resultados de um trabalho realizado em 2009 [veja aqui] ou é incapaz de gerar alterações significativas na mortalidade ou número de hospitalização de pacientes com Insuficiência Cardíaca [IC] [veja o trabalho que mostrou esses resultados aqui].


Quando foi estudado o efeito de 12 semanas de treinamento intervalado de alta intensidade [períodos de esforço de 4 minutos em intensidade de 90-95% da capacidade aeróbica máxima intercalados com períodos de repouso de 3 minutos] e comparado com o treinamento continuo, o treinamento intervalado de alta intensidade foi mais efetivo para melhora da capacidade aeróbica máxima [veja o trabalho aqui].


Uma questão importante que deve ser considerada é sabermos se o treinamento intervalado de alta intensidade é segura para pessoas com problemas cardíacos! Uma dica para a resposta dessa questão é o trabalho que vou citar a seguir.


Effect of acute high-intensity interval exercise on postexercise biventricular

function in mild heart failure [veja o artigo aqui]

Foram estudos 12 pacientes não-isquêmicos [sem obstrução das artérias coronárias] com insuficiência cardíaca média [ICM] que é uma condição em que o coração perde a capacidade de bombear sangue suficiente para os tecidos do corpo. Com pouco sangue sendo entregue, os órgãos e outros tecidos não recebem oxigênio  e nutrientes suficientes para funcionar corretamente.

Para determinar como o exercício intervalado de alta intensidade afeta o coração desses pacientes foi estudado, entre outras variáveis, o volume sistólico final.

Volume Sistólico Final [VSF] - Que é o volume de sangue que permanece no ventrículo após a sistole. Normalmente entre 50-60ml, podendo chegar a 10-30ml. Ventrículos são as câmaras do coração que ejetam o sangue para a circulação. Sistole é o momento de contração dos ventrículos que faz com que o sangue seja ejetado do coração. Assim quando maior for o VSF menor será a capacidade do coração de ejetar sangue, como acontece na IC.

Após a realização de exercício intervalado de alta intensidade essa e outras variáveis cardíacas não foram afetadas negativamente, fazendo com que os autores concluíssem que sob a supervisão adequada pacientes com IC podem realizar exercícios intervalados de alta intensidade, já que o mesmo apresenta melhores resultados do que o treinamento contínuo de intensidade fraca-moderada e pode ser seguro da mesma forma.

Assim...podemos dizer que pacientes em reabilitação cardíaca agora possuem uma alternativa mais efetiva de treinamento do que vinha sendo recomendado até agora.

Abraços...Carlinhos!




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A melhor coisa que fiz para meus amigos e minha família!


Amigos e Familiares...já faz algum tempo que venho escrevendo sobre os equívocos de medicina e da nutrição em relação as recomendações sobre alimentação saudável...

Nos últimos tempos escrevi algumas postagens com o título "Os especialistas estão errados" e mostrei informações que sustentam essas idéias...

Agora recomendo que vocês vejam o vídeo legendado pelo Dr. José Carlos Souto...documentário da televisão Australiana mostrando toda as idéias que venho descrevendo nesse blog...

Quero publicamente agradecer ao Dr. Souto pela grande inciativa de traduzir o documentário...

Peço que todos leiam...tenho certeza que dar um conselho seja uma boa coisa...acabo de fazer uma boa coisa para vocês...

Abração...Carlinhos





































Jejum é bom ou ruim?

Olá Galera!

No dia 01 de outubro escrevi uma postagem sobre exercício e jejum [veja aqui]. Nela eu expliquei que é possível sim fazer exercício em jejum sem ter prejuízos, como hipoglicemia ou desmaios.

Hoje vou iniciar uma série de postagens sobre o tema jejum! Para começar resolvi testar a hipótese de que se eu fizesse exercícios em jejum eu não teria o mesmo rendimento, teria hipoglicemia ou iria desmaiar!

Antes de falar iniciar o experimento resolvi dar uma olhada em trabalhos que tivessem avaliado o desempenho em exercícios aeróbicos, anaeróbicos e de força em estados de jejum. Vamos ver três deles...

Running to maintain cardiovascular fitness is not limited by short-term fasting or enhanced by carbohydrate supplementation. Schisler JA, Ianuzzo CD. 2007 [veja aqui]
Neste estudo foi avaliado o desempenho em exercício aeróbico com intensidade de  70% VO2max por 90 min sob três condições nutricionais [alimentados, em jejum de 16 a 18 h e jejum mais CHO]. A sensação psicossomática , as alterações fisiológicas e metabólicas indicaram que o exercício aeróbico para mais de 90 min não é limitado pelo jejum de 16 a 18 h ou aprimorado por suplementação de carboidrato.

Influence of fasting on carbohydrate and fat metabolism during rest and exercise in men.
Knapik JJ, Meredith CN, Jones BH, Suek L, Young VR, Evans WJ. 1988 [veja aqui]
Neste trabalho os autores avaliaram a capacidade de exercício até a exaustão de 8 soldados após uma noite de jejum ou após 3 dias de jejum. Os resultados demonstraram que não houve diferença no desempenho após os períodos de jejum.

Influence of a 3.5 dau fast on physical peformance. Knapik JJ, Meredith CN, Evans WJ. 1987 [veja aqui]
Foi avaliada a influência de 3,5 dias de jejum sobre a força, desempenho aeróbico e anaeróbico de soldados. A comparação do desempenho em jejum com o desempenho em estado alimentado não apresentou nenhuma redução significativa.

Bem! Considerando essas informações resolvi testar o lance de fazer exercício em jejum. Comecei fazendo jejum de 5-7 horas antes do treinamento e mantive essa rotina por cerca de 4 semanas. Não percebi diferença no desempenho, não senti sinais de hipoglicemia ou desmaiei.

Depois disso. passei por uma período de 2 semanas fazendo jejum de 14-16 horas antes do treino. Não percebi diferença no desempenho, não senti sinais de hipoglicemia ou desmaiei.

Por fim, entre o dia 27 e 28/10 testei um período de jejum de 24 horas antes do treinamento. E como nas vezes anteriores não percebi diferença no desempenho, não senti sinais de hipoglicemia ou desmaiei.

Por fim! O resultado deste teste mostra que é possível fazer exercício em jejum!

Tá legal Carlinhos! Mas qual o motivo de fazer exercício em jejum? Essa é uma pergunta importante.

Segundo o autor Brad Pilon [www.eatstopeat.com] a realização de jejum pode trazer uma série de benefícios para a saúde, entre eles temos:

  • Diminuição da gordura corporal e peso corporal
  • Manutenção da massa muscular esquelética
  • Diminuição dos níveis de glicose no sangue
  • Diminuição dos níveis de insulina e aumento da sensibilidade à insulina
  • Aumento da oxidação de gordura
  • Diminuição da inflamação crônica sistêmica

Mas existem uma série de informações que nos levam a pensar no jejum como uma ação negativa, como:

  • Se você comer várias vezes por dia, você vai aumentar seu metabolismo
  • Coma várias refeições por dia para controlar sua fome
  • Coma várias pequenas refeições para manter seus níveis de glicose sanguínea
  • Jejum coloca o corpo em um estado de fome
  • É importante ingerir proteínas a cada 2-3 horas
  • Jejum causa perda de massa muscular
  • Jejum aumenta os níveis de cortisol [hormônio do "estresse"]
  • Se você treinar em jejum vai perder massa muscular
  • Não deixe de tomar café da manhã, é a refeição mais importante

Minha intenção é discutir esses temas em outras postagem!

Grande abraço....Carlinhos







quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Os especialistas estão errados III - Outro reforço!


Quando falo ou escrevo sobre os equívocos relacionados as recomendações nutricionais para emagrecimento o saúde sempre cito trabalhos científicos, postagens de outros blogs, artigos citando médicos com idéias como as minhas.

Muitas pessoas apresentam resistência com relação a essas idéias, principalmente quando a grande maioria dos médicos e nutricionistas possuem opiniões diferentes e também quando a recomendação oficial no nosso governo apoia os equívocos.

Bem agora para reforçar ainda mais a idéia de uma alimentação com baixa quantidade de carboidratos e maior quantidade de gordura, até mesmo a saturada, temos o posicionamento oficial do governo Sueco, através SBU [Conselho Sueco de Avaliação da Tecnologia de Saúde], que após fazer uma revisão de 16 mil trabalhos comparando dietas com pouco carboidratos e dietas com pouca gordura conclui que as dietas de baixo carboidrato e mair gordura são as mais efetivas para emagrecimento, diminuição do risco cardiovascular e saúde de forma geral.

Então...mais um reforço para as "idéias do maluco aqui"!!!

Abração...Carlinhos

Os Especialistas estão Errados II - Reforço de Peso!


Pessoal para reforçar as idéias que demonstrei na postagem Os Especialistas estão Errados!? sugiro que vocês leiam uma reportagem que saiu na Folha de São Paulo online onde o mais prestigiado cardiologista do Reino Unido, Assem Malhotra, diz que "...é hora de romper o mito do papel das gorduras saturadas nas doenças do coração que esteve presente na indicação dietética e nas recomendações nutricionais durante quase quatro décadas..."

Bem..parece que não só o maluco do Carlinhos que diz que os "especialistas estão errados"...

Abraços...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Dieta das Frutas

Recentemente uma leitora do blog...a Ana me fez a seguinte pergunta?
..." queria saber se você sabe se é possível ser saudável com a dieta feita pelo corredor Michael Arnstein [The Fratarian], ou se há evidências de prejuízos à saúde comendo-se apenas frutas e vegetais?..."

Achei a pergunta muito boa e resolvi responder como uma postagem...

Bem vamos ver o lado positivo deste tipo de alimentação...

Ela afasta as pessoas daquilo que não é comida de verdade, principalmente dos produtos industrializados, fazendo que a alimentação tenha bastante nutrientes e uma quantidade de carboidratos que pode ser bem menor do que aquela ingerida nas dietas tradicionalmente recomendadas.

Vamos ver o lado negativo...

Frutose em excesso esta associada com obesidade [veja aqui

Dietas baseadas em muitas frutas estão associadas com problemas de saúde, foi uma dieta desse tipo que levou o ator Ashton Kutcher ao hospital e foi a dieta que Steves Jobs fez por diversos anos antes de ser diagnosticado com câncer no pâncreas [veja mais aqui]  

Falta de gordura na dieta esta associada com dificuldade na absorção de vitaminas, depressão, redução do HDL e  descontrole do apetite [veja aqui

Bem...mas como será que M. Arnstein consegue ser magro? 
Isso provavelmente está relacionado com a sua pratica de exercícios, porém isso não significa que ele não possa ter problemas de saúde no futuro. Arthur De Vanny cita em seu livro o caso de uma grande remador americano que foi medalhista olímpico e tinha uma ingestão elevada de carboidratos. Alguns anos após parar de competir desenvolveu diabetes do tipo 2. Isso provavelmente aconteceu devido a sobrecarga sofrida pelo pâncreas durante anos de uma dieta rica em carboidratos. Será que isso não pode acontecer após  anos de uma dieta rica em frutose? Que também pode afetar o pâncreas.

Para finalizar...temos absoluta certeza que nossa espécie obteve sucesso do ponto de vista evolutivo...pois estamos aqui! Durante a maior parte da nossa evolução nós não tínhamos uma dieta onde comíamos somente de frutas e vegetais.

Importante frisar que eu aconselho somente pessoas obesas e diabéticas e reduzirem ou não consumirem frutas. Já pessoas saudáveis podem comer frutas sem problemas. Eu pessoalmente uso as frutas para ingerir carboidratos na minha refeição pós treinamento.

Abraços...
Carlinhos...

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Eu preciso comer 6 vezes por dia?

Essa é uma das recomendações mais citadas pelos nutricionistas quando falando de uma alimentação saudável. Essa recomendação é feita pois acredita-se que comendo mais vezes ao dia a pessoa terá uma aumento do metabolismo e dessa forma uma gasto maior de gordura corporal.

Porém quando buscamos o embasamento dessa recomendação na nossa evolução e na ciência baseada em evidência nós não a encontramos.

Nosso ancestral nem sempre pegava a caça ou encontra vegetais e raízes a "cada três horas", ficando algumas horas em jejum e provavelmente em alguns dias conseguisse fazer somente uma refeição.

A ciência baseada em evidência também não mostra que comer mais vezes seja mais vantajoso do comer menos vezes. Um trabalho publicado em fevereiro deste ano [veja aqui] mostrou que comer 6 vezes ao dia, quando comparado com comer 3 vezes, não aumenta o gasto de gordura em 24 horas e pode aumentar a fome e o desejo de comer.

Temos ai mais uma informação científica/evolutiva que não justifica as recomendações governamentais e dos especialistas.

Abração...
Carlinhos... 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Carboidratos e Cocaína!

Olá pessoal!

Leiam a reportagem que aparece no link abaixo...

http://oglobo.globo.com/blogs/pagenotfound/posts/2013/10/16/estudo-biscoito-recheado-oreo-tao-viciante-quanto-cocaina-512238.asp

É um estudo com ratos, o que apresenta algumas limitações, porém mostra um lado dos carboidratos que todos devem conhecer!

Existem uma diferença importante entre desejo e necessidade, leiam o excelente artigo do Dr. Souto citando o fisiologista Inglês John Yudkin e vocês vão entender essa diferença.

Abração
Carlinhos

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os especialistas estão errados!?

Olá pessoal!

Recentemente encontrei na internet a declaração da  médica endocrinologista e presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia [SBEM] [para ver a matéria clique aqui] sobre óleo de coco e gordura. Abaixo reproduzo algumas partes.
“Não existe comprovação científica de que o óleo de coco emagreça ou traga esses benefícios prometidos. Muito pelo contrário, ele nada mais é do que gordura saturada, que aumenta muito os níveis de colesterol ruim no organismo, provoca aumento do nível de triglicerídeos, sobrepeso e pode trazer problemas cardiovasculares e sobrecarga hepática a quem ingerir em altas quantidades, explica a especialista."
Na realidade neste momento não quero falar sobre o óleo de coco. Quero falar sobre a colocação de que gordura e colesterol façam o risco cardiovascular aumentar!
Bem galera o que dizer sobre essas afirmações feitas por esta especialista médica? Afirmações que são reforçadas pela grande maioria dos médicos e nutricionistas e também pelo Ministério da Saúde [vejam aqui as recomendações sobre ingestão de gordura feitas pelo Guia Alimentar - Como ter uma alimentação saudável].

Na minha opinião a frase sobre esse tipo de informação é: "Essas afirmações estão equivocadas! A ciência e a evolução podem nos levar as informações corretas!"

Vou tentar explicar para vocês o meu ponto de vista!

Evolução

Vou repetir o que já disse em outra oportunidade (veja aqui). Nossos ancestrais passaram cerca de 390 mil anos com uma alimentação rica em alimentos de origem animal, inclusive gordura [saturada também], alimentação que não incluía grandes quantidades de carboidratos e os saudáveis pães 171 grãos, trigo e milho! Quando comparamos a saúde dos nossos ancestrais e de povos primitivos que vivem como eles com a nossa, sempre constatamos o seguinte: Eles eram [ancestral] e são [povos primitivos atuais] mais saudáveis do que nós em todos os aspectos relacionados com obesidade, problemas cardíacos, doenças degenerativas e etc.

Assim considerando a questão evolutiva as recomendações do Guia Alimentar do Ministério da Saúde, apresentadas abaixo, não possuem fundamentação.

"...inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos como as batatas e raízes como a mandioca/macaxeira/aipim nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural..."

"...consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis..."

Isso acontece pois nossos ancestrais evoluíram sem seguir nenhuma dessas recomendações!

Essas recomendações também nos fazem ingerir mais grãos [integrais ou não], porém os grãos não saudáveis como normalmente nos dizem que são [leia porque aqui], além disso grãos e carboidratos estão associados com Parkinson e Demência [saiba mais aqui].

O que diz a ciência?

Vamos ver o que os trabalhos científicos mostram sobre o tema Gordura x Mortalidade.

Antes de mostrar os estudos para vocês, gostaria de explicar uma coisa sobre os tipos de trabalhos científicos. Podemos dividir os estudos em 3 tipos:

Estudos prospectivos de Coorte [Estudos observacionais]

Estes trabalhos se caracterizam por um grupo de indivíduos que têm em comum um conjunto de características e que são observados, sem intervenção, durante um período de tempo com o intuito de analisar a sua evolução. 

Pessoas com as mesmas caraterísticas e que não apresentam determinada doença são agrupadas em um conjunto de indivíduos [coorte]. O grupo é exposto ao fator ou aos fatores de risco por determinado tempo e então, avaliando o número de casos da doença pode-se determinar o risco relativo.

A principal vantagem deste tipo de trabalho é a sua capacidade de talvez ser a única forma de estudar a incidência e a história natural das doenças. Porém ele também apresenta uma grande limitação do ponto de vista científico que é o fato de que não se controlar diretamente a exposição ao fator de risco.

Estudos Experimentais Randomizados

Tipo de estudo experimental no qual os indivíduos são selecionados aleatoriamente para receber um dentre dois ou mais tipos de intervenções. Após o acompanhamento desses indivíduos por um período pré-estabelecido de tempo, as intervenções são comparadas entre si, através dos seus efeitos nos desfechos de saúde.

A grande vantagem deste tipo de estudo é que existe controle direto da exposição dos fatores de risco. Os estudos experimentais randomizados são superiores aos estudos observacionais do ponto de vista da hierarquia científica, ou seja sua informações possuem maior importância do que os estudos observacionais.

Meta-análise

Uso de técnicas estatísticas em uma revisão sistemática para integrar os resultados dos estudos incluídos, a fim de obter sínteses quantitativas sobre os efeitos das tecnologias em saúde que estão sendo avaliadas, de modo a reduzir a incerteza sobre seus benefícios e riscos.

As conclusões de uma meta-análise podem ser consideradas as informações padrão ouro da ciência médica e da saúde, pois possuem uma confiabilidade extremamente alta. Dessa forma do que diz respeito ao método científico as meta-análise fornecem as informações "cientificamente mais verdadeiras"

Podemos dizer que os estudos observacionais servem para levantarmos hipóteses sobre determinado ponto. 

Assim vou mostrar 3 estudos observacionais de coorte sobre gordura e doenças cardiovasculares...

The Nurse´s Health Study [referência]
Neste trabalho 80.000 enfermeiras entre 39 e 54 anos foram observadas durante 14 anos. Através de questionários foi avaliada a ingestão de gordura total, colesterol e gordura saturada.
Conclusão do trabalho fala que a substituição de gordura saturada e gordura trans por gordura monoinsaturada é mais efetiva para redução do risco de doenças cardiovascular do que a redução da quantidade de gordura total.

The Nurse´s Health Study - Diabetes Type 2 [referência]
Trabalho também feito entre enfermeiras, mas nesse caso foram selecionadas 5672 mulheres entre 30 e 55 anos portadoras de diates tipo 2. Através de questionários foi avaliada a ingestão de gordura saturada, colesterol e gordura total.
Os resultados levaram os autores a conclusão de que a ingestão elevada de gordura saturada e colesterol aumenta o risco de doenças cardiovasculares em mulheres diabéticas. E que a substituição de gordura saturada por gordura monoinsaturada é efetiva para diminuição do risco cardiovascular.

Swedish Women Health [referência]
Através de questionários foram avaliadas 43.396 mulheres entre 30-49 anos, por um período de 15 anos. Foram medidas a ingestão de gordura total, de gordura saturada e monoinsaturada, a ingestão de proteína e carboidratos.
A conclusão do trabalho foi de que a ingestão de dietas ricas em gordura e pobres em carboidratos eleva o risco de doenças cardiovasculares.   

Bem galera! É considerando estudos deste tipo que a maioria dos médicos, nutricionista e profissionais da saúde acreditam que gordura, principalmente a saturada seja ruim para a saúde. Porém é importante lembrar que estes tipos de estudos mostram uma correlação entre gordura e risco cardiovascular e não causa-efeito. Nestes trabalhos uma série de outras variáveis estão presentes, como tabagismo, obesidade e diabetes e como já foi dito neste tipo de estudo não é possível controlar diretamente todos os fatores.

Ponto importante 1: Quando lemos conclusões como essas o que realmente deveria ser dito é: Certo existe uma correlação entre gordura e risco cardiovascular, agora devemos fazer estudos experimentais [onde podemos controlar os fatores de risco] e ai avaliar com exatidão se existe causa e efeito.

Bem! Vejamos então 3 estudos experimentais randomizados...

MRFIT - Multiple Risk Factor intervation Trial [referência]
Este trabalho avaliou a mortalidade entre dois grupos, um deles com uma dieta com redução da gordura saturada para 10% das caloiras totais, menos de 300mg de colesterol ingerido e um aumento para 10% das calorias das gorduras poliinsaturadas [exemplo: omega 3 e 6]. O outro grupo foi orientado a manter a sua dieta normal. 
Após 7 anos de estudo foram avaliados 12866 homens com alto risco cardiovascular e os resultados não mostraram diferença na mortalidade entre os dois grupos.

WHI - Women's Health Initiative [referência]
Este estudo teve o objetivo de avaliar se uma redução na ingestão de gordura, aumento da ingestão de frutas poderia reduzir o risco de câncer de mama e doenças cardiovasculares.
48835 mulheres ente 50-79 anos foram dividas aleatoriamente em um dos dois grupos [dieta normal o dieta co redução de gordura].
Após 8 anos não houve redução significativa no número de casos de problemas cardiovasculares, derrames, ou câncer.

Dieta Mediterrânea [referência]
Foram avaliadas 7447 pessoas entre 55 e 80 anos e 57% eram mulheres. O Objetivo foi avaliar as alterações de redução da gordura na prevenção de doenças cardiovasculares.
As pessoas foram divididas em 3 grupos, um com dieta mediterrânea rica em azeite de oliva, outro com dieta mediterrânea rica em nozes, castanhas e amêndoas e um terceiro grupo que teve uma dieta reduzida em gordura.
O grupo com dieta reduzida em gordura recebeu orientações como:
  • Ingerir no máximo 1 colher de azeite de oliva por dia
  • Ingerir nozes no máximo 1 vez por semana
  • Comer carne 1 vez por semana
  • Sempre retirar a gordura aparente da carne ou sopas
O estudo foi encerrado com cerca de 5 anos pois as pessoas do grupo de redução de gordura na dieta estavam morrendo cerca de 30% mais do que os outros dois grupos.
No gráfico abaixo a linha preta representa a mortalidade da dieta com redução da gordura. A mesma dieta recomendada pelo Ministério de Saúde.



Ponto importante 2: A informação fornecida por três importantes estudos experimentais randomizados é de que não é possível afirmar que comer mais gordura aumenta os riscos de doenças cardiovasculares ou que comer menos gordura diminui o risco de doenças cardiovasculares. Em um deles os resultados mostram que comer menos gordura aumenta o risco de morte em 30%.

Tá legal Carlinhos! Mas vocês mostrou somente 3 estudos, será que não existe estudos randomizados que mostrem que comer gordura faz mal para saúde? 

Bem para solucionar esse problema o lance é olharmos as informações e resultados das meta-análises, que são os trabalhos que incluem um série de estudos do mesmo tipo, aplicam uma nova estatística e então nos fornecem dados bastante confiáveis.

Vamos ver as meta-análises...

Cochrane Fat Study [referência]
Para este trabalho foram selecionados 27 estudos experimentais randomizados envolvendo um total de 30.900 pessoas. 
Os resultados demonstraram que a redução da quantidade total de gordura não teve nenhum efeito sobre a mortalidade total. Que a redução da mortalidade cardiovascular não apresentou nenhuma associação com a redução da gordura e que a redução da gordura na dieta apresentou uma associação fraca com a redução da gordura na dieta.
Nas palavras dos autores: "Existe pouco efeito sobre a mortalidade total. Apesar de décadas de esforço e milhares de pessoas estudadas, ainda há apenas evidências limitadas e inconclusivas dos efeitos da modificação do total, saturados, monoinsaturados ou polinsaturados gorduras sobre a morbidade e mortalidade cardiovascular."

Satured Fat Study [referência]
O objetivo desta meta-análise foi para resumir a evidência relacionada com a associação de gordura saturada na dieta com risco de doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral e doenças cardiovasculares em estudos prospectivos de coorte [observacionais].
Foram selecionados 21 estudos que tiveram duração de 5-23 anos envolvendo 347.747 pessoas.
Na conclusão do trabalho os autores dizem: "Esta meta-análise de estudos epidemiológicos prospectivos demonstraram que não existe qualquer evidência significativa para concluir que a gordura saturada na dieta está associada com um risco aumentado de doenças coronarianas ou derrame."

Bem! Após analisarmos as informações científicas apresentadas imagino que podemos chegar a conclusão de que a redução da gordura da dieta [gordura total e também a saturada] para diminuição da mortalidade cardiovascular não pode ser considerada como "cientificamente fundamentada". Sendo assim os médicos e nutricionistas que afirmam que reduzir a gordura da dieta sejam fundamental para saúde e emagrecimento [veremos isso mais tarde] o fazem baseando suas afirmações em "fundamentos científicos fracos" normalmente considerando trabalhos de menor relevância do ponto de vistas da hierarquia das evidências científicas.

Considerando a hierarquia das evidências científicas...

...resultados de estudos observacionais de coorte têm menor relevância do que os resultados de estudos experimentais randomizados...resultados de estudos experimentais randomizados têm menor relevância do que os resultados de meta-análise...   

...chegamos a conclusão de que reduzir a gordura da dieta não vai tornar você mais saudável ou diminuir a chance de você morrer de infarto, derrame ou outra doença cardiovascular!


Colesterol

A maioria dos profissionais da saúde e maioria das pessoas leigas relacionam colesterol com aumento da mortalidade cardiovascular. Vamos ver o que a ciência diz sobre isso.

Um dos estudos mais famosos sobre colesterol iniciou a cerca de 60 anos nos EUA, até hoje a mesma população de 5209 homens é avaliada a cada 2 ou 4 anos para determinar os fatores de risco relacionados com doenças cardíacas e derrame. Este estudo se chama Fragminham (uma cidade dos EUA). Vou apresentar para vocês o gráfico que que mostra os níveis de colesterol dos cardiopatas [CHD] e não-cardiopatas [non-CHD].



Notem que tanto os cardiopatas e não-cardiopatas representam o mesmo percentual da população até os níveis de 290 do colesterol, somente com um colesterol maior do que 290 é que o percentual da população cardiopata aumenta em relação aos não-cardiopatas. Outra informação importante a média da população [cerca de 35%, cardiopata ou não] apresenta um colesterol de 220. Ou seja, se seu colesterol for menor que 290 a suas chances de ser cardiopata ou não são as mesmas.

A única coisa que temos certeza, e isso independe do seu nível de conhecimento sobre medicina, é que um dia nós vamos morrer. Então uma coisa importante a ser avaliada em um estudo científico é a mortalidade total. Veja no gráfico abaixo  qual a relação entre colesterol e mortalidade total (referência do gráfico aqui).



A linha azul representa a mortalidade total [por todas as causas], a linha inferior [horizontal] do gráfico representa o nível de colesterol [quanto mais para direita, mais colesterol]. Analisando a curva da linha azul veremos que:
  • Quanto o nível de colesterol é de 150 mg/dl o número de mortes [por todas as causas] é de 2400 para cada 100.000 pessoas.
  • O menor número de mortes para cada 100.00 pessoas [600] acontece quando o colesterol é de 220 mg/dl.
  • A faixa de menor mortalidade varia entre 200 e 240 mg/dl.
  • O número de mortes somente passa a aumentar quando o nível de colesterol é maior do que 240 mg/dl. Mas mesmo assim ainda é um pouco menos do que 50% do número de mortes para quando o nível de colesterol é de 150 mg/dl.
  • O mesmo tipo de comportamento do número de mortes e nível de colesterol pode ser observado para os diferentes tipo de causa de mortes.
Considerando os dados do estudo do gráfico que envolveu 164 países e foi realizado em 2005, podemos concluir que  ter um colesterol menor do que do que 200 aumenta a nossa chance de morte por todas as causas, além de aumentar o risco de doenças infecciosas e da mortalidade cardiovascular.

Beleza Carlinhos, mas os médicos estão falando sobre o colesterol ruim, é ele que pode aumentar com a ingestão de gordura saturada! Bem sobre o que normalmente a comunidade médica diz sobre o colesterol vou sugerir que vocês leiam a postagem do Dr. Souto [Conflito de Interesse] onde ele explica o grau extremo com que os vultuosos interesses financeiros contaminam de forma decisiva (e infundada) as diretrizes que estabelecem que o colesterol "normal" seja abaixo de 200 e o LDL abaixo de 130 (ou 100, ou mesmo 70 como se fala agora!). Leiam lá!

Emagrecimento

Certo! Tudo bem! A dieta com redução da gordura não vai diminuir nossa chance de morrer do coração, mas com certeza vai nos ajudar a emagrecer, certo Carlinhos? Errado! 

Uma dieta com menos gordura significa uma dieta com mais carboidratos e são os carboidratos os responsáveis por ativarem um sistema hormonal formador de gordura corporal, chamado de lipogênese. Para saber mais clique aqui. Mas por experiência pessoal posso garantir que se você quer emagrecer coma mais gordura netural dos alimentos e menos carboidratos, caso vocês queiram realmente entender o que nos faz engordar leiam Why We Get Fat do Gary Taubes, um dos melhores livros escritos sobre esse tema.

Vou mostrar para vocês um estudo randomizado que comparou diferentes dietas...

The A to Z Wieght Loss Study : A Randomized Trial [referência]
Este trabalho teve como objetivo comparar 4 diferentes dietas em relação a perda de peso e variáveis metabólicas.
Foram comparadas as seguintes dietas Atkins [conheça dieta aqui] , Zone [conheça dieta aqui], Ornish [conheça dieta aqui] e LEARN [conheça dieta aqui]. A diferença básica entre as dietas foi o percentual dos macronutrientes que compunham cada uma. A composição percentual média de cada dieta foi:

  • Atkins    = Carboidratos 27,2%; Proteínas 23,5%; Gordura total 48,6%; Gordura Saturada 28,6%
  • Zone      = Carboidratos 43,7%; Proteínas 21,2%; Gordura total 35,0%; Gordura Saturada 20,5%
  • LEARN   = Carboidratos 48,2%; Proteínas 19,0%; Gordura total 31,5%; Gordura Saturada 18,6%
  • Ornish   = Carboidratos 56,3%; Proteínas 17,8%; Gordura total 26,4%; Gordura Saturada 14,5%

Durante 12 meses foram avaliadas 311 pessoas distribuídas em 4 grupos cada um representando uma dieta. Neste período foram mensuradas variáveis antropométricas e variáveis relacionadas com fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Os resultados mostraram que a dieta Atkins gerou uma redução de peso de 4,7kg, a dieta Zone 1,6kg, a dieta LEARN 2,6kg e a dieta Ornish 2,2kg. Do ponto de vista estatístico não houve diferença na perda de peso entre as dieta Zone, LEARN e Ornish, porém a redução de peso gerada pela dieta Atkins foi significativa quando comparada com as outras dietas.
No que diz respeito as alterações dos fatores de risco para doenças cardiovasculares foram comparáveis ou mais favoráveis do que as outras 3 dietas.
Considerando os resultados é possível  concluir que mulheres na menopausa com sobrepeso ou obesidade seguindo a dieta Atkins, que reduz significativamente a quantidade de carboidratos, perdem mais peso e apresentam alterações mais favoráveis dos fatores de risco para doenças cardiovasculares em período de 12 meses que as mulheres que seguem dietas onde o calor percentual de carboidratos é maior do que 40%. 

Além disso estes resultados fortalecem as afirmações anteriores sobre a ingestão de gordura saturada e gordura total e o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, já que a dieta Atkins apresentou os maiores valores para essas duas variáveis.

Outro  ponto importante deste trabalho é que a ingestão de proteínas nas 3 dietas não foi diferente, mostrando que chamar as dietas com pouco carboidrato de dietas da proteína não faz sentido, faz sentido chamá-las de dietas da gordura!

Vamos ver o que uma meta-analise sobre a ingestão de carboidratos pode nos dizer sobre o tema carboidratos e emagrecer!

Effects of Variation in Protein e Carbohydrates Intake [referência
Neste trabalho foram analisadas 87 estudos que controlaram a ingestão de carboidratos e proteínas e avaliaram a alteração do peso e da composição corporal durante períodos de restrição calórica.
Os resultados mostraram que dietas em que o percentual de ingestão de carboidratos variou entre 35% e 41% apresentaram efeitos mais representativos no peso e na composição corporal [percentual de gordura e massa muscular] do que dietas com valores percentuais de carboidratos maiores do que 41% independente da restrição calórica. 

Assim podemos dizer que não faz diferença o quanto vocês comem, o importante é o que vocês comem!

Tá legal! Escrevi um monte nesta postagem...mas acho que foi necessário! Posso finalizar dizendo que infelizmente a grande maioria dos especialistas da área da saúde estão cometendo equívocos ao analisar as causas das doenças cardiovasculares, obesidade e uma série de outras doenças degenerativas e inflamatórias que acometem as civilizações modernas. Fazendo com que, através da mídia e das informações governamentais, conceitos errados sobre alimentação, exercício e saúde sejam divulgados para população brasileira e mundial!

Abraço...Carlinhos!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Idade das trevas da nutrição!

Essa postagem é para médicos, nutricionistas, professores e qualquer pessoa que queira entender como um paradigma equivocado pode levar ao esquecimento de fatos científicos básicos.

Nessa postagem simplesmente passo o link de uma matéria escrita pelo Dr. Souto que fala sobre as surpreendentes descobertas feitas em 2012 sobre a relação entre insulina e obesidade. 

Ela descreve um trabalho realizado recentemente que leva a conclusões iguais a fatos que já se sabia no século 19 e na década de 70,  mas parece que atualmente foi esquecido pelos "especialistas" em medicina e nutrição.

Não deixem de ler: http://www.lowcarb-paleo.blogspot.com.br/2013/10/camundongos-com-pouca-insulina.html

Abraço...Carlinhos...

domingo, 6 de outubro de 2013

Prevenção da Saúde do Cerébro

O neurologista David Perlmutter escreveu um livro chamado Brain Grain que fala sobre como os carboidratos estão destruindo seu cérebro. E como não apenas carboidratos refinados​​, mas também os saudáveis grãos integrais podem causar demência, ansiedade, dores de cabeça crônicas, depressão, e muito mais. Dr. Perlmutter explica o que acontece quando o cérebro encontra ingredientes comuns em seu pão de cada dia e frutas, por que seu cérebro se desenvolve em gordura e colesterol, e como você pode estimular o crescimento de novas células cerebrais em qualquer idade. Ele oferece uma visão aprofundada de como podemos tomar o controle de nossos genes "inteligentes" através de escolhas alimentares específicas e hábitos de vida, demonstrando como sanar nossas doenças mais temidas sem drogas.

No dia 01 de outubro ele publicou um texto descrevendo formas de como prevenir o surgimento do Mal de Alzheimer. A seguir apresento um tradução do texto original, que pode ser encontrado aqui.


O governo dos EUA anunciou um apoio financeiro de 33.200 mil dólares para o desenvolvimento de uma abordagem farmacêutica para prevenir a doença de Alzheimer em pessoas saudáveis​​. Sem dúvida, se tal droga for validada cientificamente isto seria um grande sucesso além de qualquer medida.

Surpreendentemente, apesar de toda a retórica de apoio sobre o porquê de tal droga é tão desesperadamente necessária, já temos a capacidade de reduzir drasticamente a incidência da doença.

No mês passado, um estudo publicado na revista The Lancet soou um alarme há muito adormecido. Ele relatou que em diabéticos com vários fatores associados com diabetes, como problemas vasculares ou úlceras da perna, o risco de tornar-se demente aumenta em 37 vezes.

Não há nenhum tratamento significativo para a demência, incluindo a doença de Alzheimer, que atualmente afeta 5.400.000 americanos. E em paralelo com o aumento das taxas de diabetes, o número de americanos com Alzheimer deve dobrar até 2030.

Mas o diabetes, afetando agora cerca de 26 milhões de americanos, é evitável. Raramente, diabetes tipo 2 se desenvolve sem qualquer fator de risco identificável​​. Mas na grande maioria dos casos, é causado principalmente pelas escolhas alimentares. Isto significa que esta doença [o diabetes] esta fortemente correlacionado com o risco de demência.

A investigação mostra claramente uma correlação direta de níveis médios de açúcar no sangue e a velocidade a que o hipocampo, o centro de memória do cérebro, sofre uma atrofia ou encolhimento. E não se enganem sobre isso, embora alguns possam argumentar como outras questões anatômicas podem estar relacionadas com o hipocampo, o tamanho importa quando falamos de demência. Como o encolhimento do hipocampo, os processos relacionados coma memória falham.

Mesmo pequenas elevações de açúcar no sangue, bem abaixo da faixa em que a diabetes se torna uma preocupação, podem significativamente aumentar o risco futuro de desenvolver demência, como foi descrito no mês passado no prestigiado New England Journal of Medicine.

Mas a parte mais importante da história é que você pode fazer alterações, hoje, para reduzir drasticamente o risco de diabetes e, como consequência bem-vinda, reduzir o risco de demência, uma doença sem remédios, agora ou no futuro previsível.
Como neurologista eu coloco importância central na aplicação da ciência atual para a prevenção da doença. E aqui estão os pontos capazes de ajudar a preservar a saúde e a função do cérebro:

• Reduza o consumo de carboidratos imediatamente. Diminua para um total de 80 gramas de carboidratos em sua dieta diária . Isso significa favorecer vegetais que crescem acima do solo, como couve, brócolis, espinafre e couve-flor , em oposição àqueles que armazenam carboidratos na forma de amido, como batatas e beterraba . Isso significa limitar o consumo de frutas e ser especialmente vigilantes com coisas como suco de frutas. 350 gramas de suco de laranja contém um total de 36 gramas de açúcar. Isso é cerca de nove colheres de chá - o mesmo que uma lata de refrigerante.

• Comer mais gordura . Aumente o consumo de gorduras saudáveis ​​como o azeite extra virgem, abacate, carne de gado alimentada com pasto, peixes selvagens, óleo de coco, nozes e sementes . Ao mesmo tempo, tenha em mente que as gorduras modificadas, como gorduras hidrogenadas ou trans são as piores escolhas para a saúde do cérebro. Óleos de cozinha, como óleo de milho e óleo de soja que foram processados para ficar na prateleira de supermercado por meses ou mesmo anos, não têm lugar em um programa saudável para o cérebro .

• Praticar pelo menos 20 minutos de exercício aeróbico por dia. O exercício aeróbico realmente ativa o DNA que ativa o crescimento do hipocampo, dando-lhe uma segunda chance de não só preservar, mas, na verdade, aumentar a função de memória.


• Adicionar um suplemento nutricional, fornecendo cerca de 1.000mg de ômega- 3 por dia. Como o exercício aeróbica, ômega- 3  também ativa o gene que aumenta o crescimento de novas células cerebrais onde você mais precisa deles - no centro de memória.

Assim temos mais uma confirmação de que nossa dieta atual, recomendada pela maioria dos médicos e nutricionistas não é a melhor alternativa para que tenhamos uma vida saudável. 

A questão importante é que as recomendações equivocadas divulgadas pelos "especialistas" em saúde e nutrição são referendadas pelo nosso governo. Recentemente escutei em uma Rádio de Porto Alegre uma lista de 10 passos para uma alimentação saudável divulgadas pelo Ministério da Saúde.

Abaixo coloquei um resumo dos 10 pontos. Vocês podem a ver o documento completo clicando aqui. Abaixo mostro 4 dessas recomendações que são contrárias as recomendações do Dr. Perlmutter.

  1. Coma diariamente três porções de legumes nas refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches.
  2. Coma feijão com arroz pelo menos cinco vezes por semana. 
  3. Coma diariamente uma porção de carne, de preferência carne de peixe ou branca. Retire a gordura das carnes ou a pele das aves antes de cozinhar. Também é importante beber leite.
  4. Inclua cereais como o arroz, tubérculos como a batata, raízes como a mandioca, pães e massas no cardápio diário.
Grande abraço...Carlinhos